Direito Civil Comentado
- Art. 538, 539, 540 - continua
- Da
Doação – VARGAS, Paulo S. R.
Parte
Especial - Livro I – Do Direito das Obrigações
Título VI
– Das Várias Espécies de Contrato
(art. 481 a 853) Capítulo IV – Da Doação
Seção I –
Disposições Gerais
- vargasdigitador.blogspot.com
Art.
538. Considera-se
doação o contrato em que uma pessoa, por liberalidade, transfere do seu
patrimônio bens ou vantagens para o de outra.
No
magistério de Nelson Rosenvald, mantendo a opção legislativa do Código Civil de
1916, o legislador atual definiu a doação expressamente como contrato, ou seja,
negócio jurídico bilateral resultante do consenso entre doador e donatário
acerca de uma liberalidade que resulta na transferência de um patrimônio, bens
ou vantagens.
Correta a
percepção do Código Civil com base na concepção contratualista alemã, pois, ao
contrário do negócio jurídico testamente, o aperfeiçoamento da doação requer o
acordo de vontades com a aceitação do donatário. Aliás, comprando a letra do
art. 538 com a dicção do antigo art. 1,165 do Código Bevilaqua, vê-se acertada
a supressão da parte final “que os aceita”, eis que tal expressão se torna
redundante na medida em que o próprio dispositivo define a doação como um
contrato, sendo o consenso um pressuposto de existência.
Frise-se,
porém, que nem toda liberalidade resultante de um ato jurídico se monopoliza no
contrato de doação. Aqui não se ajusta a figura da “doação indireta”. A
remissão (negócio bilateral) e a renúncia (negócio unilateral) provocam atribuições
patrimoniais gratuitas em benefício de devedores ou outras pessoas. Contudo,
apenas na doação localizamos o deslocamento de um bem de um patrimônio a outro,
gerando o justificado empobrecimento do doador e correlativo enriquecimento do
donatário. Nas duas figuras citadas não se percebe aquela transferência que
acarreta o empobrecimento. Aliás, daí é possível perceber a distancia entre a
renúncia e a cessão gratuita de herança. Na primeira, o renunciante abdica de
um patrimônio que não lhe pertence em prol do acervo hereditário (apenas um
fato gerador tributário); na cessão, o cedente aceita a herança e, em seguida,
transfere-a gratuitamente a um ou mais herdeiros ou terceiros, gerando o seu
empobrecimento pela disponibilização de bens que já lhe pertenciam.
Destarte, o animus
donandi requer a intenção de transferir a propriedade sem nenhuma
contraprestação ou atribuição patrimonial. Também se afastam da doação os atos
de cortesia, como o gesto de presentear amigos por ocasiões especiais. Esses
costumes sociais se excluem do âmbito maior de uma doação. De qualquer maneira,
é fundamental frisar que não há que investigar os motivos da doação. Ou seja,
se a liberalidade decorreu de uma atitude despojada do doador ou de uma vaidade
apenas com efeitos promocionais. A reserva mental não gera significado jurídico
em nosso ordenamento, exceto quando conhecida pela outra parte (CC 110),
Será difícil
perquirir o animus donandi em contratos tidos como “doações mistas”. São
situações em que há o pagamento de um preço bem superior ao valor do que está
sendo adquirido (v.g., adquirir apartamento de R$ 50.000,00 por R$
150.000,00), sem que o excesso decorra de uma lesão ou qualquer vício de
consentimento, mas sim de uma liberalidade. Para saber se o negócio se cuida de
uma doação ou de uma compra e venda, será imprescindível aferir a proporção da
liberalidade e da contraprestação na espécie, buscando-se aquela que tenha sido
dominante, para então caracterizar o contrato e as normas que serão seguidas no
tocante à evicção, vícios redibitórios e outras consequências próprias de cada
instituto.
Não obstante a
caracterização como negócio jurídico bilateral ínsita a qualquer contrato, a doação
é um contrato unilateral, pois gera obrigações apenas para uma das partes, o
doador. Também é um contrato gratuito, eis que todos os sacrifícios recaem
sobre a pessoa do doador, na medida em que o donatário apenas obtém vantagens.
Por fim, é um contrato consensual, dispensando-se a entrega do bem pra o seu
aperfeiçoamento, sendo suficiente o acordo de vontades. A tradição e o registro
do título funcionam como modos aquisitivos do direito real de propriedade (CC
1.226 e 1.227). (ROSENVALD
Nelson, apud Código Civil Comentado:
Doutrina e Jurisprudência: Lei n. 10.406, de 10.02.2002. Coord. Cezar
Peluso – Vários autores. 4ª ed. rev. e atual., p. 592-593 - Barueri, SP:
Manole, 2010. Acesso 30/09/2019. Revista e atualizada nesta data por VD).
Segundo o
histórico apresentado por Ricardo Fiuza, o presente dispositivo, em relação ao
texto do anteprojeto, sofreu, por parte do Relatório Ernani Satyro, apenas uma
pequena alteração de ordem redacional. Houve a substituição da frase “se obriga
a transferir”, pela expressão verbal “transfere”. O objetivo da emenda, conta
qual se opôs o Prof. Agostinho Alvim, foi restabelecer a redação do art. 1.165
do Código anterior. A redação prevista no Código de 1916, que não falava em
obrigação, jamais foi obstáculo ao entendimento de que o contrato de doação é
de per si obrigatório. Como bem enfatizou o Deputado Siqueira Campos, “mais
certa é a linguagem empregada pelo Código atual. A doação induz ato realizado.
É a denominação do instituto. Quando se pretende doar, não se integra ainda a
figura. Mero pressuposto ou mera pretensão não se enquadra na figura. Esta se
subentende realizada. Por isso a doação é a transmissão gratuita da coisa. Ao
dizer-se que a doação é o contrato pelo qual alguém se obriga a transferir, dar
a entender que se trata de pré-contrato ou promessa de doação, mas não é doação
realizada, que é o que cogita o capítulo”.
Na doutrina
exposta o dispositivo conceitua o contrato de doação, translativo de domínio,
pelo qual o doador, em ato espontâneo e de liberalidade (animus donandi),
transfere, a título gratuito, bens e vantagens que lhes são pertencentes ao
patrimônio de outrem que, em convergência de vontades, os aceita expressa ou
tacitamente. É contrato unilateral (obrigação unicamente exigida ao doador,
salvo modal ou com encargo), gratuito, consensual e, em geral, solene (forma
escrita).
O contrato
serve de título de aquisição, a rigor não “transfere”. A translatividade do
domínio ocorre pela tradição (coisa móvel) ou pelo registro (coisa imóvel), tal
como sucede nos contratos de compra e venda e de troca ou permuta.
Direito comparado: Código
Civil português (art. 940, alínea I); italiano (art. 769), espanhol (art. 618)
e argentino (art. 1.789). O Código francês não a determina como contrato por
ser ele unilateral, figurando a doação junto aos testamentos. (Direito Civil - doutrina, Ricardo Fiuza – p. 287 apud
Maria Helena Diniz Código Civil
Comentado já impresso pdf 16ª ed., São Paulo, Saraiva, 2.012, pdf,
Microsoft Word. Acesso em 30/09/2019,
corrigido e aplicadas as devidas atualizações VD).
No entendimento de Marco Túlio de Carvalho Rocha, ao afirmar-se que a
doação é um contrato, o dispositivo visa a superar a antiquíssima polêmica em
relação aos efeitos da doação, pois, se no direito romano ela possuía efeitos
meramente obrigacionais, no direito francês tornou-se modo de aquisição da
propriedade e, portanto, dotada de efeitos reais.
No
direito brasileiro, Agostinho Alvim admitiu efeitos obrigacionais às doações (Direito
das obrigações: exposição de motivos. Revista do Instituto dos Advogados
Brasileiros, Rio de Janeiro, 1972, ano VI, n. 24, p. 58). Para Pontes de
Miranda e Paulo Luiz Neto Lobo, entre muitos outros, a doação é contrato real.
Baseia-se essa segunda doutrina no fato de o dispositivo estabelecer que a
doação “transfere” bens. Entende, por isso, que não resulta da doação a mera
“obrigação de transferir”. Como a transferência da propriedade por doação
depende da tradição, a consequência desse raciocínio é a de recusar o caráter
vinculativo a qualquer contrato de doação ao qual não se siga, imediatamente, a
tradição e a de recusar a validade jurídica às promessas de doação.
A
melhor solução, a que melhor se assenta na interpretação sistemática é a
primeira. Contratos reais são somente aqueles a que a lei defere o efeito de
criar direitos reais. Todos os demais contratos são obrigacionais. É o que
deflui da teoria geral dos contratos positividade no Código Civil. De outro
lado, a jurisprudência brasileira não apenas consagrou os efeitos obrigacionais
do contrato de doação como também tem admitido adjudicações compulsórias
baseadas em promessas de doação, como ordinariamente ocorrem em ações de
divórcio. Neste sentido, confiram-se as doutrinas de Arnoldo Wald (Obrigações
e contratos, 12.ed. São Paulo. Saraiva, 1995, p. 118-119) e o seguinte
julgado:
“É
possível inserir cláusula de doação de bens aos filhos, no acordo celebrado em
separação judicial consensual, não havendo necessidade de lavratura posterior
de escritura pública para sua convalidação. Se o caso insere cláusula de doação
de bens ao filho, no acordo realizado em separação judicial consensual, e tendo
ocorrido sua homologação, com trânsito em julgado, o ajuste torna-se
irretratável, porque o ato se tornou perfeito e acabado, motivo pelo qual não
pode o ex-cônjuge unilateralmente, pretender sua revogação, à alegação de fato
superveniente, decorrente de ter constituído nova família, vindo a ter outro
filho, máxime quando o nascimento deste tiver ocorrido tempos depois da
sentença homologatória (TJMG-AC 328000-5, RDBFam 27/141).
Doação
é contrato típico, unilateral (obriga apenas o doador), gratuito, de execução
continuada ou instantânea, imediata ou diferida. Pode ser consensual ou formal.
Não é contrato real.
O
art. 5.1 da lei espanhola n. 14/2006 estabelece que a doação de gametas e de
pré-embriões é um contrato gratuito, formal e confidencial. A doação é
revogável se o doador vier a necessitar, para si, dos gametas doados (art.
5.2). (Marco Túlio de Carvalho
Rocha apud Direito.com acesso em 30.09.2019, corrigido e aplicadas
as devidas atualizações VD).
Art.
539. O
doador pode fixar prazo ao donatário, para declarar se aceita ou não a
liberalidade. Desde que o donatário, ciente do prazo, não faça, dentro dele, a
declaração, entender-se-á que aceitou, se a doação não for sujeita a encargo.
No entendimento de
Nelson Rosenvald, aqui o legislador cuida da doação sob a forma da aceitação
presumida pelo donatário. Tratando-se de doação pura, sendo fixado um prazo
para declarar a sua aceitação, o seu silêncio será qualificado como anuência à
liberalidade.
Certamente, o nascimento
do contrato requer a demonstração da ciência da existência do prazo pelo
donatário. Outrossim, enquanto o donatário não se manifestar, é possível que
dentro do prazo assinalado possa o doador revogar a liberalidade. Aliás, se o
doador falecer dentro do prazo, o óbito não impedirá que o donatário aceite,
pois o primeiro já havia manifestado a vontade de realizar a liberalidade, sem
que tivesse retirado a proposta.
Relativamente à doação
com encargo (modal), somente se admite a aceitação pela maneira expressa,
manifestada de forma escrita, verbal ou por um comportamento concludente
socialmente típico (v.g., sinal afirmativo com o polegar). Na doação
modal, o silêncio provoca a recusa da doação.
Por fim, é fundamental frisar que o
dispositivo se aplica tão somente à aceitação do donatário capaz. As doações em
favor de nascituros (CC 542), incapazes (CC 543), filhos não concebidos (CC
546) e entidades futuras (CC 554) são apartadas da figura em estudo, na medida
em que as pessoas capazes possuem liberdade pra avaliar se a doação
efetivamente lhes beneficia, ou poderá não ser realmente vantajosa subjetiva ou
objetivamente. Cuida-se de motivos pessoais, repita-se, não aferíveis pelo
sistema. (ROSENVALD Nelson, apud Código Civil Comentado: Doutrina e Jurisprudência: Lei n.
10.406, de 10.02.2002. Coord. Cezar Peluso – Vários autores. 4ª ed. rev. e
atual., p. 593 - Barueri, SP: Manole, 2010. Acesso 30/09/2019. Revista e
atualizada nesta data por VD).
Diferente para Ricardo Fiuza, a
aceitação é pressuposto necessário para aperfeiçoar, pela consensualidade, o
contrato. Cabe ao donatário declarar que aceita o ato de liberalidade do
doador, e, no seu silêncio, presume-se o consentimento (aceitação tácita),
quando a doação é pura, feita sem encargos ou condições, i.é, inteiramente
benéfica, sem quaisquer ônus para o favorecido. Dispensa-se a aceitação quando
o donatário for absolutamente incapaz (art. 544). (Direito
Civil - doutrina, Ricardo
Fiuza – p. 287 apud Maria Helena Diniz Código Civil Comentado já impresso pdf 16ª ed., São Paulo, Saraiva, 2.012,
pdf, Microsoft Word. Acesso em 30/09/2019,
corrigido e aplicadas as devidas atualizações VD).
Na versão dada por Marco Túlio de Carvalho Rocha, como contrato, a
doação exige a aceitação do donatário para se aperfeiçoar, exceto se pura e
feita a absolutamente incapaz (CC 543), quando configura negócio jurídico
unilateral. (Marco Túlio de Carvalho Rocha apud Direito.com acesso
em 30.09.2019, corrigido e aplicadas as devidas atualizações VD).
Art. 540.
A doação
feita em contemplação do merecimento do donatário não perde o caráter de
liberalidade, como não o perde a doação remuneratória, ou a gravada, no
excedente ao valor dos serviços remunerados ou ao encargo imposto.
Seguindo o
ritmo de Nelson Rosenvald, em princípio, a doação será pura e simples, pois a
liberalidade não estará sujeita aos elementos acidentais do termo, condição e
encargo. Explica-se: o que distingue o negócio jurídico do ato jurídico lícito
(CC 185) é justamente a presença da autonomia privada no primeiro, concedendo à
vontade humana a possibilidade de criar os efeitos desejados ao ato, nos
limites dados pelo ordenamento. Isso permite ao doador restringir a eficácia da
liberalidade por modalidades de doações, sem prejudicar a validade do negócio
jurídico, posto que são atendidos os seus elementos essenciais (CC 104).
Para além de
tais hipóteses, é possível que o doador queira justificar o motivo da
liberalidade. Cuida-se da doação contemplativa, enunciada na primeira parte do
dispositivo. Portanto, poderá o doador anunciar que a doação decorre do fato de
o donatário ser o melhor aluno da classe e merecer um incentivo em seus
estudos.
A segunda
parte da norma ressalva a chamada doação remuneratória. Aqui a
liberalidade se conecta com serviços prestados anteriormente pelo donatário ao
doador. O serviço poderá ser caracterizado como aquele em que normalmente
haveria cobrança de valores (v.g., cirurgia realizada por amigo do
paciente) ou por conduta que pela essência não possua patrimonialidade (v.g.,
aconselhamento afetivo). Em qualquer caso, aproxima-se das obrigações naturais
em que há um débito moral, mas inexiste responsabilidade. Ou seja, podem ser
pagas pelo devedor, mas não são exigíveis pelo credor (CC 882).
A parte
derradeira do art. 540 é dedicada ao exame da doação com encargo ou modal
(onerosa). Diversamente ao termo e à condição, salvo ressalva expressa, o
encargo não suspende a aquisição ou o exercício do direito (CC 136). Quando o
modo é inserido no contrato, perde a condição de elemento acidental e
converte-se em elemento essencial do negócio jurídico. Com efeito, o seu
descumprimento provoca a ineficácia superveniente do negócio jurídico por
resilição unilateral ou resolução por inadimplemento (CC 555).
O encargo é
uma restrição à liberalidade, pois não implica uma contraprestação do donatário
ao doador (o que causaria o desvirtuamento do negócio), mas a imposição de um
pequeno sacrifício ao donatário. Exemplificando: A destina gratuitamente um
apartamento a B com o encargo de este auxiliar as obras de caridade da igreja
local. A matéria será mais bem tratada o art. 553.
É muito importante operar a
distinção entre a doação gratuita e a onerosa pelas várias consequências que as
separam (v.g., possibilidade de discussão de vícios redibitórios na
doação modal, CC 441, parágrafo único). (ROSENVALD
Nelson, apud Código Civil Comentado:
Doutrina e Jurisprudência: Lei n. 10.406, de 10.02.2002. Coord. Cezar
Peluso – Vários autores. 4ª ed. rev. e atual., p. 594 - Barueri, SP: Manole,
2010. Acesso 30/09/2019. Revista e atualizada nesta data por VD).
Na esteira de Ricardo
Fiuza, o dispositivo diz da doação feita em contemplação do merecimento do
donatário aquela doação pura cuja liberalidade tem como motivo o reconhecimento
ao mérito do donatário, exarado pelo doador, e que influi na decisão de doar (animus
donandi). A rigor, é doação contemplativa por estímulo ou homenagem,
proveniente da amizade ou admiração do doador, nada significando que o
donatário venha obtê-la em virtude de seus méritos. O merecimento é formado
pelo juízo de valor ou manifestação de sentimento que faz o doador em face do
donatário.
Doação remuneratória é a
efetuada pelo doador em retribuição a serviços prestados de forma graciosa pelo
donatário, no que refere à parte excedente ao valor que poderia ter-lhe sido
cobrado. É premiação ao devotamento profissional, em demonstração do interesse
de recompensar.
A doação gravada com encargo, também
denominada modal, é a que, embora atribuindo o doador encargos ao donatário,
não afasta a liberalidade, por exceder esta ao encargo imposto e cuja execução
do encargo representa simples fim acessório. A incumbência cometida há de ser
cumprida em favor do próprio doador, de terceiro ou do interesse geral,
constituindo obrigação de fazer do donatário. (Direito
Civil - doutrina, Ricardo
Fiuza – p. 287 apud Maria Helena Diniz Código Civil Comentado já impresso pdf 16ª ed., São Paulo, Saraiva, 2.012,
pdf, Microsoft Word. Acesso em 30/09/2019,
corrigido e aplicadas as devidas atualizações VD).
Estudando a cartilha de Marco Túlio de Carvalho Rocha, no direito romano
havia 3 espécies de doações: reais; obrigatórias e liberatórias. No Código
Civil, 9 espécies de doação: pura; com encargo (modal); condicional; propter
núpcias; reversível; remuneratória; meritória; indireta e inoficiosa.
O
dispositivo faz referência à doação remuneratória, que visa a compensar o
donatário por serviços prestados ou por ato praticado, e à doação gravada com encargo.
A
regra consagra a teoria das duas causas de SAVIGNY, que entende serem
a doação remuneratória e a com encargo negócios jurídicos onerosos até o valor
dos serviços que se pretende remunerar e ao encargo imposto e gratuitos na
parte excedente.
Assim,
numa doação de R$ 50.000,00 em que se impõe encargo ao donatário equivalente a
R$ 30.000,00, a lei somente considera como liberalidade, propriamente, a parte
de R$ 20.000,00. (Marco Túlio de
Carvalho Rocha apud Direito.com acesso
em 30.09.2019, corrigido e aplicadas as devidas atualizações VD).
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