quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

AÇÃO DE DIVÓRCIO - TEORIA E PRÁTICA DAS AÇÕES CÍVEIS AÇÕES NA VARA DE FAMÍLIA – VARGAS DIGITADOR http://vargasdigitador.blogspot.com.br/



TEORIA E PRÁTICA DAS AÇÕES CÍVEIS
AÇÕES NA VARA DE FAMÍLIA – AÇÃO
DE DIVÓRCIO – VARGAS DIGITADOR


Ação de Divórcio

Divórcio é o processo pelo qual os cônjuges visam obter a dissolução da sociedade e do vínculo conjugal, extinguindo de vez o casamento.

Depois da Emenda Constitucional n. 66, não existe mais o instituto da separação judicial, somente o divórcio. Depois de muita luta dos jusfamiliaristas para eliminar a separação judicial do nosso ordenamento, tendo em vista a duplicidade de processos anteriormente exigida para extinguir o casamento, finalmente foi aprovada a Emenda Constitucional n. 66, de 14.07.2010, que alterou o §6º do art. 226, da Constituição Federal, o qual passou a vigorar com a seguinte redação: “§6º. O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio”.

Com isso, elimina-se não só a necessidade de cumprir prazo de separação judicial ou de fato, ou de qualquer outro prazo, como a necessidade de justificar a razão para o pedido de divórcio.

Todavia, conquanto a alteração não contemple expressamente, permite-se afirmar que o divórcio, como ocorria com a separação judicial, pode efetivar-se de duas formas: forma consensual e forma litigiosa.

Divórcio consensual

Consensual, amigável, ou por mútuo consentimento, é o divórcio que nasce do consenso ou da livre disposição de ambos os cônjuges em darem por finda a união. Em que pese não haver necessidade de mencionarem os motivos para a dissolução do casamento, cumpre aos cônjuges acordarem sobre a partilha de bens, sobre a prestação de alimentos ao cônjuge que deles necessita, sobre a guarda dos filhos, sobre o regime de visitas do cônjuge que não detiver a guarda dos filhos e, ainda, sobre a manutenção ou não do sobrenome do marido pela mulher.

Observe-se que o divórcio judicial é obrigatório quando haja filhos menores de idade ou incapazes. Neste caso, como há interesses de menores a serem preservados, é mister a participação do Ministério Público para zelar por tais interesses. Não ocorrendo as referidas hipóteses, o divórcio consensual poderá ser feito por escritura pública nos termos do art. 1.24-A do CPC, a crescido pela Lei 11.441/07.

Petição inicial no divórcio judicial consensual. Segundo consta do art. 1.121 do Código de Processo Civil, a petição, instruída com a certidão de casamento e o contrato Antenupcial, se houver, conterá: I – a descrição dos bens do casal e a respectiva partilha; II – o acordo relativo à guarda dos filhos menores e ao regime de visitas; III – o valor da contribuição para criar e educar os filhos; IV – a pensão alimentícia do marido à mulher, se esta não possuir bens suficientes para se manter.

Embora não haja referência no dispositivo mencionado, mostra-se também indispensável que da petição inicial conste o acordo relativo à continuidade ou não do uso do sobrenome do marido pela mulher.

Cumpre aos requerentes, ainda, firmarem a petição inicial, juntamente com o advogado comum ou advogados de ambos.

Apresentada a petição ao juiz, este verificará se ela preenche os requisitos exigidos; em seguida, ouvirá os cônjuges sobre os motivos do divórcio, esclarecendo-lhes as consequências da manifestação de vontade (art. 1.122, CPC).

Convencendo-se o juiz de que ambos, livremente e sem hesitações, desejam por fim ao casamento, mandará reduzir a termo as declarações e, depois de ouvir o Ministério Público no prazo de 5 (cinco) dias, o homologará; em caso contrário, marcar-lhes-á dia e hora, com 15 (quinze) a 30 (trinta) dias de intervalo, para que voltem a fim de ratificar o pedido de divórcio. Se qualquer dos cônjuges não comparecer à audiência designada ou não ratificar o pedido o juiz mandará autuar a petição e documentos e arquivar o processo.

Como salienta Petry Júnior in A separação com causa culposa. Florianópolis: Editorial Conceito, 2007, p.52, caberá ao juiz, e ao membro do Ministério Público, a fiscalização dos termos do consenso, voltada para a ausência de prejuízo a qualquer dos cônjuges e especialmente aos filhos, se ainda incapazes.

Mesmo que os cônjuges não cheguem a um consenso sobre a partilha dos bens, o divórcio pode ser concedido (art. 1.581, CC), facultando-se que a mesma seja feita depois de homologado o divórcio consensual, na forma estabelecida no art. 982 e ss, do Código de Processo Civil.

Homologado o divórcio consensual, averbar-se-á a sentença no registro civil e, havendo bens imóveis, na circunscrição onde se acham registrados (art. 1.124, CPC).

Divórcio litigioso

O divórcio litigioso, ou contencioso, é o que decorre da iniciativa de um só dos cônjuges, em face da impossibilidade de chegarem a um acordo a respeito do divórcio consensual. O divórcio litigioso somente pode ser feito de forma judicial. Vedada, portanto, a possibilidade de ser feita por escritura pública.

A litigiosidade processual pode decorrer de fatos os mais diversos, tais como: a ruptura da vida em comum, sem possibilidade de restabelecimento; a não concordância de um dos cônjuges com o divórcio; a falta de consenso em relação à prestação de alimentos, guarda dos filhos ou partilha dos bens.

Observe-se, por fim, que é lícito às partes, a qualquer tempo, no curso do divórcio litigioso, requerer a conversão em divórcio consensual, caso em que será observado o disposto no art. 1.121 e primeira parte do §1º do artigo 1.122 do CPC (art. 1.123, CPC)

Releva ainda observar que, em consideração ao fato de que o divórcio dissolve não só a sociedade conjugal, como também o casamento, depois de sua homologação ou decretação pelo juiz não há qualquer possibilidade de restabelecimento da sociedade conjugal sem que ocorra novo casamento.


 Pesquise também: Divórdio - Partilha de bens



    Crédito: WALDEMAR P. DA LUZ – 23. Edição

    CONCEITO – Distribuidora, Editora e Livraria

RECURSOS EM ESPÉCIE – APELAÇÃO - EFEITOS – REQUERIMENTO - RAZÕES PROCESSAMENTO - DA ADVOCACIA CIVIL, TRABALHISTA E CRIMINAL – VARGAS DIGITADOR http://vargasdigitador.blogspot.com.br/



RECURSOS EM ESPÉCIE – APELAÇÃO
- EFEITOS – REQUERIMENTO - RAZÕES
PROCESSAMENTO - DA ADVOCACIA
CIVIL, TRABALHISTA E  CRIMINAL
– VARGAS DIGITADOR


Recurso de apelação

            Art. 513. Da sentença caberá apelação.

A apelação é o recurso cabível contra as decisões definitivas de primeira instância que extingue o processo com ou sem julgamento do mérito. Entende-se por decisão definitiva a sentença que extinguir a lide, solucionar a controvérsia ou resolver o litígio. Se a decisão limitou-se a resolver questão incidente, como a que indefere liminarmente a reconvenção, ela não será apelável, uma vez que o recurso cabível será o de agravo de instrumento.

Apelação é, portanto, o recurso que  a parte pode valer-se para requerer que o juízo de instância superior reexamine a sentença que lhe foi desfavorável no juízo de 1ª instância ou de instância inferior. É o instrumento que possibilita que a causa seja submetida a um segundo julgamento por parte de uma turma do Tribunal, composta por juízes mais antigos e experientes, que poderão, ou não, reformar total ou parcialmente a sentença exarada pelo juízo ad quo.

Essa possibilidade de reexame da sentença pelo Tribunal de Justiça ou pelo Tribunal Regional Federal, órgãos judicantes de segundo grau, origina-se do princípio do duplo grau de jurisdição, ou seja, do princípio que estabelece a possibilidade de a sentença definitiva ser reapreciada por órgão de jurisdição, normalmente de hierarquia superior a daquele que a proferiu. (NÉRY Jr, Nelson. Os princípios fundamentais dos recursos cíveis. São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 4 ed., 1967, p. 41).

Como já referido no início deste capítulo, por imposição do art. 475 do CPC, há obrigatoriedade do duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de confirmada pelo tribunal, a sentença: I – proferida contra a União, o Estado, o Distrito Federal, o Município, e as respectivas autarquias e fundações de direito público; II – que julgar procedentes no todo ou em parte, os embargos à execução de dívida ativa da Fazenda Pública (art. 585, VI).

Porém, é do mesmo art. 475, §§ 2º e 3º, a ressalva de que o comando do citado não se aplica: a) quando a condenação, ou o direito controvertido, for de valor certo não excedente a 60 (sessenta) salários mínimos, bem como no caso de procedência dos embargos do devedor na execução de dívida ativa do mesmo valor; b) quando a sentença estiver fundada em jurisprudência do plenário do Supremo Tribunal Federal ou em súmula deste Tribunal ou do Tribunal Superior competente.

Inclui-se, no rol de exceções, as sentenças proferidas no âmbito dos Juizados Especiais da Justiça Federal, consoante o comando do art. 13 da Lei nº 10.259, de 12 de julho de 2001, para as quais não se aplica a regra do reexame necessário.

Contudo, importa esclarecer que, in casu, não são as partes que estão obrigadas a recorrer, mas tão-somente que há a obrigatoriedade de os autos serem remetidos ao tribunal, haja ou não apelação, para ali serem apreciados. Trata-se de ato processual que a doutrina denomina de “reexame necessário”, ou recurso de ofício, em face de ser imposto ao juiz de primeiro grau. É o que se depreende do teor do §1º do art. 475: “Nos casos previstos neste artigo, o juiz ordenará a remessa dos autos ao tribunal, haja ou não apelação; não o fazendo, deverá o presidente do tribunal, avocá-los”.

Porém, como pontificado por Grinover, Gomes e Fernandes, o duplo grau “não significa apenas a garantia de revisão de primeiro grau (reexame em segundo grau). Também compreende a proibição para o tribunal de, com seu julgamento, impedir o pronunciamento do juiz de primeiro grau (garantia do exame em primeiro grau): é o caso, por exemplo, da ocorrência, em primeiro grau, da extinção do processo sem julgamento do mérito, quando o tribunal, ao reformar a decisão, prosseguisse no julgamento, decidindo o mérito que o juiz não apreciou”. (GRINOVER, Ada Pellegrini et al. Recursos o processo penal. São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 1998, 2, ed. P. 24).

A apelação será total quando a sentença for impugnada no seu todo, ou parcial quando for impugnada apenas em parte. Entretanto, presume-se total a impugnação quando o apelante não detalhar especificamente a parte da sentença com a qual não concorde.

De observar, contudo, que ao advogado do apelante cumpre observar se a sentença a ser impugnada confronta com súmula do Superior Tribunal de Justiça ou do Supremo Tribunal Federal. Caso contrário, ou seja, estando a sentença em conformidade com a súmula, o juiz não receberá o recurso, nem lhe dará prosseguimento (§1º, art. 518).

Efeitos da apelação

Art. 520. A apelação será recebida em seu efeito devolutivo e suspensivo. Será, no entanto, recebida só no efeito devolutivo, quando interposta de sentença que:

I – homologar a divisão ou a demarcação;

II – condenar à prestação de alimentos;

III – julgar a liquidação de sentença;

IV – decidir o processo cautelar;

V – rejeitar liminarmente embargos à execução ou julgá-los improcedentes.

VI – julgar procedente o pedido de instituição de arbitragem.

VII – confirmar a antecipação dos efeitos da tutela (Inciso acrescentado pela Lei n. 10.532, de 26.12.01).

Já se viu, anteriormente, que o recurso poderá ter efeito devolutivo ou suspensivo. O efeito devolutivo é inerente a todos os recursos, uma vez que o processo é devolvido a superior instância para um novo julgamento. Entretanto, no que se refere ao recurso de apelação, este será recebido somente no efeito devolutivo, nos casos especificados nos incisos do art. 520. Outro caso de recebimento somente no efeito devolutivo, não abordado pelo CPC, uma vez que consta de lei especial (art. 58, V, da Lei 8.245/91), é o de recursos interpostos contra sentenças relativas:

a – a despejo;

b – à consignação em pagamento;

c – à revisional de aluguel;

d – à renovatória de locação.

Nos casos do art. 520, do CPC, e do art. 58, V, da Lei do Inquilinato, como não ocorre a suspensão do processo, o apelado poderá promover, desde logo, a execução provisória da sentença, extraindo a respectiva carta (art. 521).

Entretanto, se de tais decisões puder resultar lesão grave e de difícil reparação, sendo relevante a fundamentação, o relator do recurso poderá, a requerimento do agravante, conferir efeito suspensivo, suspendendo o cumprimento da decisão até o pronunciamento definitivo da Turma ou Câmara (art. 558).

Nos demais casos, portanto, a apelação será recebida nos dois efeitos, isto é, no efeito devolutivo e suspensivo.

Processamento da apelação

1 – Interposição do recurso, no prazo de 15 dias da intimação da sentença, em petição dirigida ao juiz e que conterá (art. 514):

I – os nomes e a qualificação das partes;

II – os fundamentos de fato e de direito;

III – o pedido de nova decisão.

É costume, já arraigado entre os advogados, a apresentação da apelação através de requerimento endereçado ao juiz da causa, no qual lhe é solicitada a remessa dos autos ao tribunal, e a sua interposição propriamente dita, através de petição em separado em que o apelante oferece suas razões, dirigida ao tribunal competente.

2 – O juiz despacha a petição, declarando os efeitos em que recebe a apelação;

3 – Intimação do apelado, para que se manifeste, apresentado suas contrarrazões, no prazo de 15 dias;

4 – volta dos autos ao juiz, que determina a sua remessa ao tribunal, dentro de 48 horas.


MODELO

REQUERIMENTO: APELAÇÃO


EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 2ª VARA CÍVEL
COMARCA DE BIGUAÇU

......................................, brasileiro, casado, comerciante, domiciliado em Biguaçu-SC e residente na Rua ...................... nº.........., nos autos da ação que promove contra ......................., brasileiro, casado, industriário, domiciliado em Biguaçu-SC e residente na Rua ............................ nº......... com a respeitável decisão proferida, quer, por seu procurador signatário, interpor o presente recurso de APELAÇÃO, no prazo legal, para a egrégia instância superior, para o que solicita que Vossa Excelência o receba e determine o seu processamento, remetendo-se o processo, oportunamente, ao Tribunal ad quem, tudo segundo a exposição e as razões que adiante seguem.


                                                           Biguaçu, ...... de.....................de 20..


                                                                       __________________________
                                                                                  Advogado(a) – OAB/...


MODELO

RAZÕES DE APELAÇÃO

Apelante: ...........................

Apelado: .............................

Colendo Tribunal:

1 – Na presente ação, pretende o apelante ......................... (resumir o que pretende o autor, na petição inicial) .............................................

2 – Na contestação o apelado sustentou que .................... (resumir a contestação).............................................

3 – Julgando a ação, houve por bem o magistrado a quo julgar a ação improcedente................................... (indicar a conclusão e os fundamento da sentença)..........................................................................................................................................................................................................................................................

4 – Todavia, data venia, impõe-se a reforma da respeitável sentença-recorrida, pelas razões seguintes: (indicar as razões pelas quais julga que a sentença deva ser reformada) ............................................................................................................

5 – Em tais condições, espera o apelante que a egrégia instância superior reforme a respeitável decisão recorrida, por ser de direito e de justiça, julgando procedente a ação nos termos pedidos.

                                                           .................., ....... de........................ de 20..

                                                          
                                                                       ____________________________
                                                                                  Advogado(a) – OAB/.....










    Crédito: WALDEMAR P. DA LUZ – 23. Edição

    CONCEITO – Distribuidora, Editora e Livraria