DIDÁTICA DO ENSINO SUPERIOR
– ANTÔNIO CARLOS GIL –
ATLAS S.A. 2015 – CAPÍTULO 3. QUEM É O
ESTUDANTE UNIVERSITÁRIO – 3ª AULA – PROFESSORA NEUZA – DIREITO FAMESC 8º
PERÍODO - VARGAS DIGITADOR
3 Quem é o estudante universitário
O Capítulo 2 tratou do
professor universitário, dos papéis que desempenha e das competências
requeridas para que possa contribuir para a eficácia do processo de
ensino-aprendizagem. Mas o professor constitui um dos polos desse processo. O
outro é constituído pelos estudantes. Logo, não há como deixar de considerar o
papel desempenhado pelo corpo discente nesse processo.
Qualquer livro elementar de
Didática ou de Metodologia do Ensino ressalta hoje a importância do corpo
discente. Mas essa preocupação do com estudante é relativamente recente há
História da Educação. A razão desta mudança pode ser facilmente explicada.
Durante muito tempo, no Brasil, e em tantos outros países, o corpo discente das
escolas foi constituído por alunos provenientes de estratos de gênero, pois os
alunos eram do sexo masculino. Por isso mesmo, o modelo sempre pareceu justo,
pois esse modelo preconizava atender a todos os alunos de forma igual e
equitativa. No entanto, com o processo de democratização, (ou de massificação)
do ensino, passaram a ter acesso à escola, pessoas provenientes de outros estratos
sociais, com interesses, motivações e heranças culturais diferentes e com
competências e conhecimentos em diferentes graus de desenvolvimento. Esta
situação tornou inviável a postura secular do professor de desenvolver sua
atividade para um alunado típico.
Este capítulo é, pois,
dedicado ao estudo das características do estudante do Ensino Superior. Após
estudá-lo cuidadosamente, você será capaz de:
·
Reconhecer a importância das diferenças
individuais nas características dos estudantes;
·
Classificar os estudantes segundo suas
características psicossocial;
·
Reconhecer a importância da diversidade na
condução do processo ensino-aprendizagem;
·
Reconhecer estudantes “problemáticos”;
diagnosticar características dos estudantes.
3.1 Como as pessoas se diferenciam
Como integrantes de uma
população, os estudantes universitários podem se distribuir segundo
determinadas variáveis, como: sexo, idade, estatura, peso, estado civil, nível
de rendimentos, religião, nível intelectual, expectativas profissionais,
satisfação com o ensino etc. Muitas destas variáveis são relevantes para o
ensino. Saber, por exemplo, o que os estudantes pensam acerca do curso que
estão fazendo ou quais as suas aspirações profissionais pode auxiliar os
professores tanto na redefinição dos conteúdos programáticos e das técnicas d
ensino quanto no estabelecimento de estratégias e táticas para lidar com os
estudantes. Por essa razão, muitos professores têm grande interesse em conhecer
o perfil dos estudantes com quem irão trabalhar.
Algumas informações sobre os
estudantes estão disponíveis nos prontuários que são mantidos pelas escolas e
de modo geral estão acessíveis para os professores interessados. Mas de modo
geral são informações coletadas com finalidades administrativas, o que as torna
insuficientes para os propósitos didáticos. Algumas escolas realizam
sistematicamente diagnósticos de sua população estudantil com vistas a
facilitar o trabalho dos professores. Mas infelizmente são poucas. Assim, se o
professor quiser obter informações significativas sobre os estudantes,
precisará ele mesmo realizar esse diagnóstico, valendo-se de instrumentos como
questionários, entrevistas, registro de observação e testes.
A principal contribuição
desses diagnósticos é mostrar quanto os estudantes são diferentes entre si. O
professor, ao definir os objetos de ensino, selecionar os conteúdos e
determinar as estratégias de ensino, leva em consideração uma certa
homogeneidade da classe. Mas naturalmente os estudantes apresentam muitas
diferenças entre si. Assim, sabendo como se distribuem os estudantes segundo
certas variáveis relevantes, o professor passa a dispor de um conjunto
importante de informações capazes de auxiliá-lo no trabalho docente.
Faz parte de nossas
tradições cristãs e democráticas admitir que todos são iguais perante Deus e
perante a Lei. Mas também é aceito que as pessoas não são iguais entre si, que
existem diferenças individuais entre os seres humanos. Qualquer profissional
que tenha certo número de subordinados pode facilmente verificar que, mesmo
todos trabalhando bem, seus desempenhos são muito diferentes quando se
consideram tarefas específicas.
A Psicologia, desde que se
constituiu como ciência, preocupou-se com o estabelecimento de leis
suficientemente gerais para explicar o comportamento humano. Mas os
pesquisadores logo perceberam, ao estudar o comportamento de diferentes
sujeitos em laboratórios, que as leis gerais de um fenômeno apresentam
importantes variações, a ponto de as diferenças individuais tornarem-se o
próprio objeto de investigação de muitos psicólogos. Tanto é que um dos
pioneiros da Psicologia, Francis Galton (1822-1911), definiu como um de seus
campos a Psicologia Diferencial, que tem como objetivo o estudo das diferenças
físicas, intelectuais e de personalidade entre as pessoas.
Embora haja muito
questionamento acerta das diferenças entre as pessoas pode-se dizer que as
pessoas apresentam diferenças individuais por dois motivos principais: porque
já nasceram diferentes umas das outras ou porque passaram por experiências
diferentes ao longo de suas vidas. O primeiro motivo refere-se às chamadas
variáveis inatas. O segundo refere-se às variáveis adquiridas que se
desenvolvem em decorrência da exposição das pessoas ao ambiente.
Embora cada indivíduo seja
único, pode-se de certa forma prever o comportamento dos alunos, bem como de
qualquer grupamento humano, com auxílio dos métodos e técnicas desenvolvidos
pela Psicologia Diferencial. O principal fundamento desta disciplina científica
é a “curva de Gauss” ou da ‘”distribuição normal”. Essa curva foi desenvolvida
em meados do século XIX, depois que
alguns matemáticos notaram algo muito interessante sobre o modo como o mundo se
organiza. À medida que procediam à mensuração de diferentes fenômenos, tais
como a altura das pessoas ou a evolução do preço das mercadorias ao longo do
tempo, verificaram que os resultados tendiam a se manter próximos da média
aritmética. Com base nessas observações construíram a “curva da distribuição
normal”, a mais familiar das distribuições de probabilidade e uma das mais
importantes em Estatística, que tem a forma de um sino (figura 3.1).
Nas “distribuições normais”,
poucos elementos são encontrados nas áreas correspondentes aos extremos da
curva. A maioria tende a concentrar-se em torno da média. Muitas das
características dos seres humanos, tais como a estatura, o peso e o nível
intelectual, apresentam “distribuição normal”, podendo ser representadas de
maneira semelhante a essa curva. Muitos traços dos estudantes que são
importantes do oonto de vista pedagógico também se distribuem dessa forma.
Um professor poderá
constatar, por exemplo, que o gráfico obtido com os resultados de uma prova
tecnicamente bem elaborada será muito semelhante a uma “curva normal”. O mesmo
tende a ocorrer com outras características dos estudantes, como a prontidão
para o aprendizado, a capacidade de memorização, o raciocínio numérico, a
extroversão etc.
Nem todas as características
dos alunos distribuem-se como a curva de Gauss. Mas ela constitui valioso
auxílio tanto para o estabelecimento de previsões acerca do comportamento dos
alunos quanto para avaliar a adequação de seus procedimentos pedagógicos.
Assim, o professor que procura antecipar os traços e o comportamento de seus
alunos com base nessa curva terá certamente menos surpresas do que aquele que
não o faz.
F (x)
|
|||
Acontece em forma de sino |
x
Figura 3.1 Curva da
distribuição normal.
3.2 Como classificar os estudantes
Como os estudantes não
constituem uma massa homogênea,uma das maiores preocupações dos professores
passa a ser certamente a de obter algum tipo de classificação mediante a qual
se torne possível lidar com mais facilidades com determinados grupos de
estudantes. Considerando, porém, a complexidade do problema, é de se admitir a
precariedade de qualquer tentativa nesse sentido. Com efeito, a separação de
estudantes em determinados grupos depende de muitos fatores, tanto de natureza
psicológica quando social, econômica, política cultural etc. Mas alguns
trabalhos elaborados com essa finalidade podem ser de alguma utilidade para os
professores.
A partir da década de 1960,
foram desenvolvidas nos EUA e na Europa pesquisas empíricas, que culminaram com
o estabelecimento de tipologias de estudantes universitários. Naturalmente cada
tipologia foi elaborada com base num contexto cultural, específico, e
circunscrito temporalmente. Assim, sua utilização em diferentes contextos só
pode ser feita com muitas reservas. Mas a identificação de diferentes tipos de
estudantes que frequentam as classes de aulas dos cursos universitários
torna-se muito útil para os professores universitários.
3.2.1 A classificação de Mann
Mann e seus colaboradores
(1970) estudaram alunos de faculdades americanas sob o ponto de vista
emocional, e com base nesses estudos classificaram-nos em oito tipos
diferentes: complacentes, ansioso-dependentes, trabalhadores desanimados,
estudantes independentes, heróis, franco-atiradores, estudantes que procuram
atenção e silenciosos.
Complacentes.
Estes estudantes são convencionais, muito dependentes do professor e altamente
orientados para as tarefas. De modo geral, sentem-se bem em sala de aula e
contentam-se em aprender unicamente o que o professor quer que aprendam.
Costumam falar em classe, mas geralmente para concordar com o professor ou para
pedir algum esclarecimento. Raramente questionam o controle do professor. Eles
estão em classe simplesmente para aprender o que é dado. De modo geral,
preferem a leitura à discussão. Como geralmente fazem o que é solicitado,
tendem a se sair relativamente bem nas provas, mas não costumam ser muito
independentes ou criativos.
Os estudantes complacentes,
que correspondem a cerca de 10% da amostra observada por Mann, pode ser
auxiliados pelo professor a partir da própria aceitação da dependência. Como
acreditam que o professor os aceita, este ode solicitar que se mostrem mais
independentes. Assim, o professor pode ajudá-los, encorajando-os a fazer
comentários críticos por escrito e a contribuir nas discussões.
Ansiososdependentes. Frequentemente avaliam
negativamente suas próprias habilidades, o que não é de todo infundado, pois
nos testes aplicados por Mann apresentaram mais baixos resultados em relação à
aptidão verbal que os outros grupos estudados. Durante as provas, estes
estudantes costumam apresentar um ar de cansaço e a permanecer em classe o
maior tempo possível, revisando suas respostas ou acrescentando “apenas mais
uma frase”. Em virtude de sua excessiva ansiedade e habilidades relativamente
limitadas, seus resultados com frequência acabam sendo pouco imaginativos,
medíocres ou erráticos. Estes estudantes preferem a leitura à discussão e,
embora sejam capazes de memorizar detalhes e definições, demonstram dificuldade
na compreensão de conceitos complexos.
Trabalhadores
desanimados. Estes são estudantes cujos comentários em
sala de aula expressam uma atitude depressiva e fatalista em relação a si
mesmos e à sua educação. Sentem-0se como pessoas que têm pouco controle sobre o
seu aprendizado. Alguns poder ter se esforçado muito no passado para conseguir
passar nas provas e hoje não conseguem mais achar prazer na aprendizagem.
Muitos deles são estudantes
mais velhos que voltaram à escola depois de certo período de afastamento e
acham que é muito difícil voltar a ter o entusiasmo juvenil. Alguns já são
casados, e é muito provável que se sintam mais cansados, e preocupados, que a
maioria dos estudantes. Embora as aulas não constituam experiência das mais
agradáveis para esses alunos, que correspondem a 405 da amostra,. Eles podem
ser transformados em participantes ativos por professores inspiradores.
Estudantes
independentes. Esses
estudantes, que correspondem a 12% da amostra, são orientados para a aprendizagem,
estão atentos ao que o professor pode lhes oferecer, mas perseguem suas
próprias metas. Sentem-se bem fazendo o que lhes é pedido e não se esquivam
quando solicitados a formular seu próprio pensamento sobre determinado tópico.
A maior partes desses estudantes é muito participativa e faz amizade com os
professores e se identifica com eles de alguma forma.
Os estudantes independentes
geralmente são maduros e aparecem mais frequentemente nas últimas séries dos
cursos universitários. Raramente apresentam problemas para os professores, mas,
se a qualidade do ensino for ruim, serão provavelmente escolhidos para atuar
como prta-vozes das reclamações da classe.
Heróis.
Os
heróis, que correspondem a 10% do total, tal como os independentes, também dão
preferência ao trabalho independente e criativo. Mas, diferentemente daqueles,
parecem ansiosos em fazer com que o professor perceba imediatamente que são
bons estudantes, embora tendam a decepcioná-lo mais tarde em decorrência de seu
mau desempenho nas aulas.
Esses estudantes
frequentemente param o professor, após a primeira aula para comunicar o quanto
estão interessados na matéria e quanto de conhecimento prévio acerca da matéria
já possuem, por meio de leituras anteriores ou de experiência no trabalho.
Geralmente, gostam de discussão e não costumam admitir que perderam um debate.
Costumam faltar mais do que os outros alunos, tanto em decorrência do
desvanecimento da novidade da matéria quanto das primeiras avaliações negativas
de seu desempenho.
Franco-atiradores.
Estes
estudantes são hostis aos professores, difíceis de ser abordados e cheios de
cinismo. Correspondem a 9% do grupo pesquisado e têm grande expectativa e uma
imagem positiva de si mesmos, mas têm pouca esperança de que o mundo seja capaz
de reconhecer seu valor ou de lhes dar uma oportunidade para demonstrá-lo. São
rebeldes costumeiros que se sentam longe do professor sempre que possível e
costumam fazer comentários pesados a seu respeito. Como geralmente se sentem
culpados ou receosos de sua hostilidade, costumam se retirar quando
questionados pelo professor acerca de suas iniciativas.
Estudantes
que procuram atenção. Esses estudantes, que correspondem a 11% da
amostra, gostam de vir às aulas,mas principalmente para ter contatos sociais
com outros estudantes ou com o professor. Gostam muito de falar e são
afeiçoados à discussão. Para eles, as necessidades sociais predominam sobre as
intelectuais. Como gostam de ficar em classe, muitos deles tendem a desenvolver
relações pessoais bastante intensas com os professores.
Esses estudantes são capazes
de realizar um bom trabalho, desde que se deixe claro para eles que devem se
esforçar para que tanto o professor quanto os colegas pensem bem a seu
respeito. Também gostam de organizar sessões em grupo para rever a matéria ou
para promover festas. Embora não sejam menos inteligentes que os outros
estudantes, são menos intelectualizados. Como, porém, são facilmente
influenciados pelos outros, o professor habilidoso é capaz de fazê-los se
interessar pelos estudos.
Silenciosos.
Estes
estudantes, que correspondem a 20% da amostra, estão ente os que mais desejam
um relacionamento próximo com o professor, mas temem o que ele possa pensar
deles ou de seu trabalho. De modo geral, preferem reagir a esse medo com o
silêncio e não com a hostilidade.
Esses estudantes muitas
vezes ao receptivos às sugestões dos professores para que possam se conhecer
melhor. No entanto, com não atraem a atenção e não colocam problemas em sala de
aula, muitos desses estudantes permanecem ignorados pelo professor. Por isso,
convém que o professor mantenha um registro de seus alunos em que anote como
têm se comportado nas aulas anteriores.
3.2.2
A classificação de Astin
Outra interessante tipologia
de estudantes é a elaborada por Astin (1993). Também foi constituída com dados
obtidos empiricamente, e apresenta sete tipos de estudantes: o sábio, o
ativista social, o artista, o hedonista, o líder, o direcionado para o status e
o aluno descomprometido. Assim como a tipologia de Mann, a de Astin foi
construída com dados referentes a estudantes norte-americanos. Não pode,
portanto, ser utilizada para representar com precisão a população constituída
pelos universitários brasileiros, mas serve para esclarecer os professores
acerca dos diferente tipos de alunos de cursos superiores.
Os sábios podem ser definidos por três características: habilidade
acadêmica, autoconfiança intelectual e habilidade matemática. De acordo com o
estudo elaborado por Astin, eles provêm de famílias com altos níveis
educacionais, cujos pais desempenham atividades que requerem altos níveis de
especialização, como a de professores universitários e pesquisadores científicos.
Os ativistas sociais caracterizam-se pela participação em programas de
ação comunitária, pelo auxílio a pessoas com dificuldades, pela pregação de
valores sociais e pelo interesse em influenciar as estruturas políticas. Muitos
desses estudantes pertencem a grupos raciais e étnicos com menor presença
numérica em cursos superiores e são mais frequentes em cursos como Ciências
Sociais, Educação, Serviço Social, Psicologia e Teologia.
Os artistas conferem muita
importância à criação artística, pretendem destacar-se numa carreira artística
e escrever obras originais. Provêm geralmente de famílias detentoras de níveis
educacionais relativamente altos e são encontrados não apenas em cursos de
Artes, mas também em cursos de Jornalismo, Publicidade e de Letras.
Os hedonistas podem ser definidos em termos de três características
comportamentais: beber, fumar e “aproveitar a note”. Muitos desses estudantes
admitem que o uso da maconha e de outras drogas deve ser liberado. Originam-se
geralmente de estratos sociais mais baixos e interessam-se mais por ocupações
que não requerem formação acadêmica.
Os líderes caracterizam-se pela popularidade, autoconfiança social e
habilidade de liderança. Seus pais apresentam níveis socioeconômicos
relativamente altos. Destacam-se nos debates e apresentam maiores chances de
serem eleitos para os órgãos de representação acadêmica. São muito frequentes
nos cursos de Direito e de Comunicação.
Os direcionados para o status almejam boa situação financeira,
reconhecimento de sua atuação pelos colegas por sua atuação, obtenção de
sucesso em negócio próprio e responsabilidade administrativa pelo trabalho de
outros. Nos EUA, Astin identificou participação significativa de
afro-americanos e descendentes de mexicanos nesta categoria. Estes estudantes
aparecem com maior frequência em cursos como os de Administração, Economia e
Ciências Contábeis.
Os estudantes descomprometidos manifestam alguma das seguintes
expectativas: antecipação da escolha da carreira, mudar para uma área mais promissora,
deixar o curso temporária ou permanentemente ou transferir-se para uma
faculdade menos exigente.
3.2.1 A classificação de Kuh, Hu e Vesper
Na virada do século, Kuh, Hu
e Vesper (2000), também com base em pesquisa empírica, identificaram dez tipos
de estudantes. Diferentemente das outras tipologias, esta levou em consideração
essencialmente os padrões de engajamento nas atividades universitárias:
Desengajados.
Estes
estudantes apresentam baixo nível de participação em todas as atividades
universitárias, estudam poucas horas por semana e de modo geram tiram notas
baixas.
Recreadores.
Estes
estudantes decidam tempo considerável às atividades esportivas, mas participam
pouco de outras atividades, inclusive das atividades artísticas e culturais,e apresentam baixo nível de
interação social.
Socializadores.
Apresentam
notável nível de interação social com seus pares, mas baixo nível de
participação nas atividades acadêmicas, esportivas, culturais e artísticas.
Acadêmicos.
Distinguem-se
pelo ativo envolvimento nas atividades acadêmicas. Apresentam razoável grau de
interação com os pares, mas limitada participação nas atividades artísticas e
esportivas. São os que obtêm as melhores avaliações quanto ao desenvolvimento
pessoal e a preparação profissional.
Cientistas.
São fortemente marcados pelo envolvimento com
atividades de cunho quantitativo, mas não apresentam bons resultados nas
atividades de educação geral.
Individualistas.
Estes
estudantes se distinguem por elevada interação com os pares, participação em
atividades artísticas e musicais, muito esforço e relativamente pouco contato
com a faculdade. De modo geral, não procuram a opinião de seus professores,
embora se envolvam intensamente com os pares e com atividades artísticas.
Artistas.
Apresentam
elevado nível de participação em atividades artísticas e interação com os
colegas e outros membros da faculdade.
Esforçados.
Distinguem-se
dos demais pelo alto nível de esforço despendido para levar a cabo o curso,
embora não dediquem um grande número de horas para os estudos.
Intelectuais.
Formam
o grupo menos numeroso. Caracterizam-se pelo envolvimento com todas as
atividades acadêmicas.
Convencionais.
Este
grupo é caracterizado por uma mistura de padrões de envolvimento. Mantêm o que
é esperado dos estudantes de primeiro ano: alto envolvimento com esportes e
exercícios acadêmicos e interação social com os pares; mas baixo nível de
interação substantiva com os pares, bem como pouca participação nas atividades
culturais e artísticas.
3.3 Como
lidar com a diversidade no Ensino Superior
Um importante aspecto a ser
considerado na análise do mundo contemporâneo é o da diversidade. Embora ainda
vivamos num mundo em que são frequentes as manifestações de opressão de
minorias, radicalismo religioso, intolerância política,etnocentrismo e
conservadorismo sexual, os governos nacionais, assim como as igrejas,as
empresas e tantas outras organizações sociais poucoa pouco vêm descobrindo as
vantagens da promoção da diversidade. A homogeneidade é menos criativa, pois
conduz à síndrome do pensamento único e toda unanimidade é burra, como dizia
Nelson Rodrigues.
As empresas, de modo
especial, veem descobrindo que incluir e promover o desenvolvimento de
profissionais diferenciados em relação a gênero, etnia, credo e orientação
sexual não constitui apenas questão de responsabilidade social e de cidadania,
mas também de agregação de valor ao negócio. A diversidade pode representar
melhoria na qualidade de trabalho, melhoria na imagem da marca, incremento de
competitividade, atendimento mais personalizado, aumento da capacidade de
resistência às mudanças de mercado e maior capacidade para reconhecer e
valorizar talentos e empregar as ideias de seus empregados (EUROPEAN COMISSION,
2003; MILEM, 2001).
Apesar de o valor da
diversidade vir sendo mais reconhecido no âmbito empresarial, onde ala passou a
ser entendida até mesmo como vantagem competitiva, seu valor não é menor em
outras instituições sociais, já que contribui para diminuir o preconceito, para
aprimorar os relacionamentos interpessoais para a prática mais efetiva da
cidadania. Diferentes estudos, por sua vez, têm mostrado como as escolas e os
estudantes também se beneficiam com a diversidade, ampliando as perspectivas
dos estudantes, incrementando seu pensamento crítico e fomentando o seu
engajamento intelectual.
Lamentavelmente, uma das
características da sociedade brasileira é a acentuada desigualdade
socioeconômica, o que se reflete principalmente na relativamente baixa presença
de representantes de determinados grupos sociais na universidade.mas graças à
efetiva luta de integrantes desses grupos, sua presença vêm se intensificando
nos últimos anos. Um exemplo significativo dessa luta é o sistema de cotas para
índios e negros, que vem sendo adotado por diversas universidades públicas.
Embora ainda haja muito para
ser feito, a presença de negros e de pessoas de outras etnias vem se ampliando
nas universidades. Nota-se também a presença cada mais significativa de
estudantes com idades superiores à média tradicional. O número de pessoas
portadoras de deficiências físicas também vem se ampliando. Verifica-se ainda
um número crescente de estudantes com assumida orientação homossexual.
Muitos professores
provavelmente não estão preparados para esta diversidade, o que significa que
necessitam rever seus quadros de valores e modificar suas atitudes perante os
grupos sociais. É importante que todos os estudantes se sintam bem-vindos e que
sejam tratados respeitosamente. Daí tornar-se necessário ao professor tratar os
estudantes como pessoas e não como integrantes de determinado grupo social,
assegurando que os alunos de diferentes grupos tenham a mais ampla
possibilidade de participar das atividades discentes.
3.4
/como identificar estudantes “problemáticos”
Em quase todas as classes,
os professores identificam um ou mais estudantes cujo comportamento é visto
como prejudicial para o desenvolvimento das aulas e que acabam sendo
reconhecidos como “problemáticos”.
É natural que os professores
tendam a admitir que o problema está nos estudantes e que por essa razão sejam
considerados e problemáticos. A atuação desses estudantes costuma ser desgastante
para o professor e contribui para que ele não se sinta à vontade em classe,
trazendo sérios prejuízos para a aprendizagem dos alunos.
Convém, porém, que os
professores, ao procurarem soluções para os problemas decorrentes do
comportamento desses alunos, considerem também o que eles próprios vêm fazendo
em classe e em que medida isto pode ser de alguma forma contribuir para a ocorrência
daqueles comportamentos. Convém, ainda, considerar que os problemas
interpessoais envolvem pelo menos duas pessoas e que por isso mesmo, muitos dos
problemas, identificados pelos professores, não podem ser debitados unicamente
aos estudantes. Designá-los como problemáticos pode ser uma simplificação capaz
de prejudicá-los. Se um professor admite que determinado estudante é
problemático, é provável que seu relacionamento com ele seja afetado por essa
percepção inicial.assim, ainda que seja custoso para o professor, cabe-lhe
analisar com cuidado o comportamento desses estudantes para que suas decisões
sejam adequadas.
Existem muitas tipologias de
alunos problemáticos.apesar de a maioria ter sido elaborada sem fundamentos
científicos, algumas delas mostram-se muito atraentes,não apenas porque são
simples, mas também porque elaboradas com certa dose de humor. Há, por exemplo,
tipologias que classificam esses alunos como: retardatários, apressadinhos,
repetitivos,desligados, tagarelas, dominadores, agressivos, intérpretes,
críticos, impacientes, “queridinhos do professor” etc. Também há tipologias que
identificam o comportamento dos alunos com determinados animais, como, por
exemplo: leões (dominadores), macacos (piadistas), papagaios (tagarelas),
corujas (mudos), esquilos (tímidos) e pavões (vaidosos).
Essas tipologias até podem
ser utilizadas em alguns jogos para favorecer o desenvolvimento de habilidades
grupais. Mas não podem ser utilizadas indiscriminadamente para classificar os
estudantes de maneira simplista e até mesmo preconceituosa. Há, no entanto,
trabalhos desenvolvidos com maior rigor que se propõem não apenas a identificar
alunos cujo comportamento é capaz de prejudicar o bom andamento das aulas, mas
também a sugerir procedimentos corretivos. McKeachie (2002) dedica várias
seções de sua principal obra a estudantes cujo comportamento contribui para
quee sejam considerados problemáticos pelos professores:
Estudantes
irritados, agressivos e desafiadores. Estudantes que tanto de
forma verbal quanto não verbal manifestam hostilidade ao professor e a outros
estudantes.
Estudantes
que procuram chamar a atenção e a dominar as discussões, são
estudantes que sempre têm alguma coisa a dizer. Brincam, exibem-se,
cumprimentam o professor e os colegas e procuram permanentemente colocar-se em
evidência.
Estudantes
desatentos. São estudantes que geralmente se sentam nas
últimas fileiras de carteiras e não se envolvem com as aulas que são
ministradas.
Estudantes
que não se preparam para as aulas. São estudantes que não leem o que é solicitado
e, consequentemente, não conseguem acompanhar o ritmo da classe.
Estudantes
desanimados. São estudantes que demonstram pouco interesse
pelas aulas ministradas. Costumam chegar atrasados, fazem poucas anotações e
ficam contando os dias que faltam para terminar o período letivo. Muitos desses
alunos não têm maior afinidade com o curso e alguns deles dispõem-se a
abandoná-lo desde que surja uma oportunidade.
Estudantes
lisonjeadores e trapaceadores. São alunos que procuram o
professor e dizem que estão impressionados com sua cultura, que têm especial
interesse na disciplina que lecionam e até mesmo que o reconhecem como o melhor
professor que já tiveram em toda a vida. Embora haja alunos que agem dessa
forma com sinceridade, muitos o fazem de forma estratégica, procurando obter
vantagens, como, por exemplo, um prazo maior para concluir os trabalhos.
Estudantes
que lutam com muitas dificuldades. São estudantes que se
deparam com muitas dificuldades para acompanhar o curso. Muitas dessas
dificuldades não são temporárias, requerendo, portanto,atenção especial dos
professores.
Estudantes
com desculpas. São estudantes que estão constantemente
pedindo desculpas pela nãorealização de determinada tarefa. Sua atuação provoca
muitos constrangimentos aos professores, já que os argumentos apresentados
pelos alunos podem ser fraudulentos.
Estudantes
que querem a verdade e estudantes que admitem que tudo é relativo. Há estudantes que se caracterizam por uma
visão dualística do conhecimento. Para estes,as coisas têm que ser verdadeiras
ou falsas.certas ou erradas. Acham, portanto, que o professor conhece a verdade
e que o estudante deve procurá-la por seu intermédio. Por outro lado, há
estudantes para os quais os conceitos de verdade e de justiça são relativos. Esses
estudantes geralmente são participativos em sala de aula, contribuindo muitas
vezes para a geração de conflitos ideológicos.
Estudantes
com problemas psicológicos. A detecção de problemas
psicológicos constitui atividade complexa que requer o concurso de
profissionais habilitados. Mas há estudantes cujo comportamento conduz
facilmente à suspeição de que necessitam de atendimento psicológico. Alguns desses
sinais são: agressividade, mau humor, preocupação excessiva, temores
infundados, irritabilidade, dificuldade de concentração e apatia. Muitos desses
estudantes costumam apresentar também sinais evidentes de abuso de drogas ou de
álcool. Há instituições de Ensino Superior que mantêm serviços para atendimento
desses estudantes. Mas, infelizmente, são em número reduzido, o que faz com que
os professores, na maioria dos casos, pouco tenham a fazer.
3.5
Como diagnosticar características dos estudantes
Reconhecer que os estudantes
são diferentes entre si e que estas diferenças podem de certa forma ser
previstas representa um pount6o muito importante em favor do professor. Mas o
que mais lhe interessa é conhecer cada estudante, suas características sociais,
traços de personalidade, interesses, expectativas, aspirações, temores, conhecimentos,
habilidades e competências.
Nenhum professor imagina ser
possível conhecer tudo o que deseja sobre os estudantes. A identificação de
algumas dessas características, como os traços de personalidade envolve a
aplicação de técnicas de análise psicológica, que são complexas, demoradas e
requerem o concurso de especialistas, o que a torna inviável na prática. Mas,
mediante a utilização de alguns instrumentos, torna-se possível identificar
algumas de suas características mais relevantes em relação ao ensino. Ele pode
verificar, por exemplo: o nível de conhecimentos prévios dos estudantes sobre a
disciplina, o nível de interesse, a importância que lhe e atribuída, as dificuldades
percebidas, a imagem que os estudantes têm do curso e do professor, o nível de
satisfação com as aulas etc.
O conhecimento de algumas
dessas características é muito importante para promover a chamada avaliação
diagnóstica, que tem por finalidade determinar, descrever, classificar e
valorar aspectos do comportamento do estudante que são relevantes para a
aprendizagem. Essa avaliação diagnóstica visa primeiramente determinar em que
medida os estudantes dominam os objetivos do curso. Visa também classificar os
estudantes, de acordo com seus interesses, expectativas, histórico instrucional
e outras características, como antecedentes familiares, classe social e
experiências que contribuíram para sua formação, moldaram sua personalidade ou
influenciaram suas decisões educacionais e profissionais (BLOOM,
HASTINGS,MADAUS, 1993).
A determinação do nível de domínio prévio dos objetivos é feita
mediante a aplicação de um pré-teste dos estudantes. Trata-se de uma avaliação
para antecipar possíveis dificuldades dos estudantes em relação ao alcance dos
objetivos. Pode servir, portanto, para orientar os estudantes na obtenção dos
conhecimentos necessários no alcance dos objetivos pretendidos. Ou, então, para
orientar o curso de forma mais realista, programando estratégias alternativas
de ensino capazes de engajar mais facilmente os estudantes nas atividades
propostas.
Para alguns professores, a
realização deste diagnóstico é desnecessária, pois admitem que os objetivos
devem ser alcançados a qualquer custo, cabendo aos estudantes que nãof orem
capazes de alcançar este nível simplesmente a desistência ou a reprovação. Concepções
desta natureza, no entanto, não se ajustam ao ensino contemporâneo, sendo
facilmente contestadas tanto com base em argumentos relacionados ao caráter humanista
da educação quanto ao próprio desenvolvimentos socioeconômico do país.
A verificação das expectativas pode ser feita mediante
solicitação aos estudantes para que comentem os objetivos, os conteúdos e as
estratégias de ensino propostas. Esses comentários podem elaborados livremente
como respostas a questões como:
Quão útil você acha que esta
disciplina será para você?
Quão agradável você acha que
será cursar esta disciplina?
Questões como estas dão ampla
liberdade para a formulação de respostas. Mas alguns estudantes podem encontrar
dificuldade para respondê-las. Por essa razão, há professores que preferem
elaborar questões mais objetivas que possam ser respondidas mediante
completamento, como, por exemplo:
Espero que esta disciplina
me ajude a: _______________________
Uma coisa que gostaria que
não ocorresse nesta disciplina é: _____________
Uma coisa que me agrada
nesta disciplina é: _____________________
Outra forma prática de
verificação das expectativas é a construção de questionários com itens escalonados,
como, por exemplo:
Quão útil você acredita que
esta disciplina será para sua carreira?
Muito
útil ( )
Útil ( )
Pouco
útil ( )
Inútil (
)
Quão agradável você acha que
será cursar esta disciplina?
Muito agradável ( )
Agradável ( )
Pouco agradável ( )
Nada agradável (
)
Quão difícil você acha que será esta disciplina?
Muito difícil (
)
Difícil ( )
Fácil ( )
Muito fácil ( )
Há outras características
dos estudantes que são importantes para orientar o seu aprendizado,
principalmente aquelas que constituem causas não educacionais da capacidade de
aprender, que podem ser físicas, psicológicas ou ambientais.sua
identificação,no entanto, envolve procedimentos bem mais complexos. Constituem muito e assistente sociais que de professores, mas
podem ser incluídas no levantamento de expectativas mais atribuições de
médicos, psicólogos e assistentes sociais que de professores. Mas podem ser
incluídas no levantamento de expectativas
questões relativas a experiências acadêmicas e profissionais, hábitos de
estudo e interesses. Convém, no entanto considerar que não devem ser incluídas
questões que possam provocar algum constrangimento aos estudantes.
Os procedimentos aqui
indicados para identificar as características dos estudantes são de natureza interrogativa. Mas não se pode desprezar a
importância da observação direta das pessoas para conhecê-las melhor. Por isso,
recomenda-se que os professores utilizem também a observação para melhor
conhecer as características dos estudantes.
Um problema verificado não
apenas nas instituições de ensino, mas também nos mais diversos domínios da
vida social é a diminuição dos contatos mais íntimos com as pessoas. Hoje,
estamos em contato com muito mais
pessoas do que no passado; do outro lado da cidade, do outro lado do país, ou
até mesmo do outro lado do mundo. Mas o nosso contato normalmente não é
pessoal. Muitas das atividades que exigiam o contato direto com os estudantes,
como a orientação de trabalhos, hoje são feitas principalmente por e-mails. Consequentemente,
estamos tendo maior dificuldade para observar e, consequentemente, para
entender as pessoas.
Os professores não podem
descartar a habilidade de decifrar pessoas pela observação. Elas são
necessárias não apenas para caracterizar bem os estudantes, mas também para o
desenvolvimento das mais diversas atividades que têm lugar ao longo de todo o
processo pedagógico. Mas convém que a observação se faça de maneira metódica e
sistemática, com fundamento em teorias e práticas consolidadas.
Leituras recomendadas
ASTIN, Alexander W, Na empirical
typology of college students . Journal of College Student Development, v. 34,
nº 1, p. 36-46,Jan. 1993.
EUROPEAN COMMISSION,
Directonarate-General for Employment, Industrial Relations and Social Affairs. The
costos and benefitis of diversity: a study oon methods and indicators to mesure
the cost-effectiveness of diversity policies in enterprises., Kent (GB): Centre
for Strategy and Evaluation Services, 1º nov. 2003. Disponível em:
http:Europa.eu.int/comm/employment_social/fundamental_Rights/prog/studies_fr.htm>.
Acesso em: 20 de out. 2004.
DIMITRIUS, Jô-ELlan;
MAZZARELLA, Mark, Decifrar pessoas:
como entender e prever o comportamento humano. São Paulo, Allegro, 2000.
Este livro mostra com decifrar
as pessoas que não estão ao nosso redor por meio de sua linguagem pessoa e aparência.
Sua leitura pode favorecer o conhecimento dos alunos em sala de aula. Mas é
necessário que o professor esteja consciente da complexidade do comportamento
humano e que decifrá-lo não constitui tarefa fácil. Assim, esse livro pode
fornecer pistas para compreender melhor o comportamento dos estudantes,mas não
pode ser visto como um receituário infalível.
WEIL, Pierre; TOMPAKOW, Roland.
O corpo fala: a linguagem silenciosa
da comunicação não verbal, 57, ed. Petrópolis: Vozes, 2004.
O livro tenta desvendar a
comunicação não verbal do corpo humano. Analisa primeiramente os princípios
subterrâneos que regem e conduzem o corpo. A partir desses princípios,
concepções ou posicionamentos internos. Sua leitura é muito agradável, pois o
conteúdo é transmitido não apenas por palavras, mas também por interessantes
ilustrações.
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