Direito Civil Comentado - Art.
792, 793, 794
- DO
SEGURO DE PESSOA - VARGAS, Paulo S. R.
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Parte
Especial - Livro I – Do Direito das Obrigações
Título VI
– Das Várias Espécies de Contrato
(Art. 481 a 853) Capítulo XV – DO SEGURO DE
PESSOA
– Seção III - (art. 789 a 802)
Art. 792. Na falta de indicação da pessoa ou
beneficiário, ou se por qualquer motivo não prevalecer a que for feita, o
capital segurado será pago por metade ao cônjuge não separado judicialmente, e
o restante aos herdeiros do segurado, obedecida a ordem da vocação hereditária.
Parágrafo único. Na falta
das pessoas indicadas neste artigo, serão beneficiários os que provarem que a
morte do segurado os privou dos meios necessários à subsistência.
Nos termos de Claudio
Luiz Bueno de Godoy, como se viu nos comentários ao artigo anterior, a escolha
do beneficiário, pelo segurado, é livre, com a ressalva contida no artigo
seguinte. Pode essa escolha se dar logo no instante da entabulação ou em
momento posterior, inclusive por substituição, também como está no dispositivo
antecedente. Cuida-se aqui, porém, da hipótese de faltar, por qualquer motivo,
o beneficiário de seguro de vida, portanto quando já também falta o segurado,
impondo-se à lei deliberar sobre o destino da importância a ser por isso paga.
E, nessa senda, diferentemente do Código de 1916, determina a nova lei que
então metade do capital segurado seja entregue ao cônjuge não judicialmente
separado do segurado e a outra metade a seus herdeiros, conforme a ordem legal
de vocação hereditária (CC 1.822). a inovação, em relação ao Código revogado, está
no acréscimo do cônjuge como destinatário de metade da verba do seguro,
independentemente do regime de bens do casamento. Exige-se, todavia, que esse
casamento, ao tempo da morte, ainda persista, portanto, afastando-se a previsão
se houver dissolução da sociedade conjugal por separação judicial.
Omite-se, contudo, o
artigo em pauta sobre a situação do separado de fato. Veja-se que tal não se
deu nem mesmo quando se tratou da situação hereditária do cônjuge, cuja vocação
sucessória se condicionou à não ocorrência, ao instante da morte, inclusive de
separação de fato, há mais de dois anos, a não ser que sem culpa do
sobrevivente. Da mesma forma, no CC 1.642, V, quando se regrou a reivindicação
de bem comum doado por cônjuge casado a seu concubino, ressalvou-se a separação
de fato já existente, porém, há mais de cinco anos. Pois também na hipótese do
dispositivo em discussão, ao que se entende, deve-se ressalvar a separação de
fato. Observe-se que a instituição, por lei, de beneficiários subsidiários,
atende a um imperativo de solidariedade familiar. É por isso que, além dos
herdeiros, hoje o cônjuge é elencado coo tal. Mas, se havida, comprovadamente,
separação de fato, rompido está o laço de afetividade que constitui,
atualmente, o conteúdo material do casamento. Não por outro motivo é que se
permitiu, depois de dois anos dessa separação, o divórcio direto. Não se vê
sentido, destarte, em destinar metade do capital segurado a quem, no instante
da morte, já estava separado de fato do segurado, mesmo que então já lhe fosse
dado estabelecer, como beneficiário, eventual companheiro (CC 793).
Aliás, outra omissão do
preceito, que não há, por exemplo, na lei previdenciária (Lei n. 8.213/91) e na
lei fiscal (Lei n. 9.250/95), está justamente na indicação do companheiro como
beneficiário subsidiário, da mesma forma que como tal se institui o cônjuge, do
ponto de vista material, havendo igual família no casamento e na união estável,
que, afinal, pode ser provada, embora não da mesma maneira apriorística do
casamento, porquanto com a apresentação da certidão do respectivo assento.
Contudo, note-se que a lei também inclui o companheiro, malgrado em diferentes
condições – o que é objeto de proposta de alteração (ver Projeto de Lei n.
276/2007) -, no rol dos sucessores do morto. Por isso, e mesmo que possa haver
sua instituição por ato de vontade do segurado (CC 793), entende-se, por
interpretação extensiva, dever-se considerar o companheiro, provada a união
estável, com todos seus elementos de configuração, ao momento da morte,
beneficiário subsidiário do segurado morte, portanto nas mesmas condições do
cônjuge não separado.
A outra metade do capital segurado, como
explicita a lei, vai aos herdeiros do segurado falecido, na ordem da respectiva
vocação hereditária. Não havendo cônjuge, companheiro nem herdeiros, em geral,
receberá o capital segurado quem comprovar que dependia do segurado e que,
assim, com sua morte, ficou privado dos meios necessários à subsistência.
Considera-se não se deva dar a essa previsão, também nova, contida no parágrafo
do artigo em pauta, interpretação restritiva, exigindo, por exemplo, que o
beneficiário seja parente do segurado, bastando que comprove dele depender para
sua subsistência. Pense-se no caso de alguém cujas necessidades o segurado voluntariamente
provia, mesmo sem dever legal. De seu turno, José Augusto Delgado (Comentários
ao novo Código Civil, coord. Sálvio Teixeira de Figueiredo. Rio de Janeiro,
forense, 2004, v. XI, t. I, p. 741) exemplifica com os menores não parentes, os
incapacitados, os serviçais de idade avançada, enfermeiros e assim por diante –
sempre, porém, provado que o sinistro lhes tenha retirado os meios de
subsistência. (Claudio Luiz Bueno de
Godoy, apud Código Civil Comentado:
Doutrina e Jurisprudência: Lei n. 10.406, de 10.02.2002. Coord. Cezar
Peluso – Vários autores. 4ª ed. rev. e atual., p. 820-821 - Barueri, SP:
Manole, 2010. Acesso 13/02/2020. Revista e atualizada nesta data por VD).
Há um histórico
antecedendo a Doutrina de Ricardo Fiuza: A redação atual é a mesma do projeto.
O CC/2002, a rigor, desmembrou o vetusto art. 1.473 do CC de 1916, em dois
novos artigos, quais sejam os CC 791 e CC 792. A redação deste último
dispositivo identifica-se, parcialmente, com a do art. W do Decreto-Lei n.
5.384, de 8-4-1943, que dispõe sobre os beneficiários do seguro de vida, assim
transcrito, in litteris: “Art. I- Na falta de beneficiário nomeado, o
seguro de vida será pago metade à mulher e metade aos herdeiros do segurado.
Parágrafo único. Na falta das pessoas acima indicadas, serão beneficiários, os
que dentro de seis meses reclamarem o pagamento do seguro e provarem que a
morte do segurado os privou de meios para proverem sua subsistência. Fora
desses casos, será beneficiária a União”.
Aplicando a Doutrina
apresentada por Ricardo Fiuza, em se tratando de seguro de vida, é certo que a
livre escolha dos beneficiários constitui, por sua própria natureza, preceito
basilar dessa espécie de seguro. Por isso, diz-se que o segurado pode,
legitimamente, preterir os próprios parentes, em favor de estranhos. É lícito,
porém, ao segurado não indicar, desde logo, o nome do beneficiário, ou,
fazendo-o, por alguma razão, não prevalecer tal nomeação; nessas duas hipóteses
negativas, a lei determina seja o montante segurado pago, pela metade, ao
cônjuge não separado judicialmente, revertendo-se a outra metade aos herdeiros
do segurado, obedecida, obviamente, a ordem da vocação hereditária.
O novel dispositivo privilegia
o chamado “beneficiário subsidiário”, quando, na ausência de individuação do
beneficiário, coloca o cônjuge, desde que não separado judicialmente, em
posição favorável quanto aos demais herdeiros do segurado, à medida que lhe
garante, separadamente, o seu respectivo quinhão (1/2 do capital segurado),
deixando os demais herdeiros, considerados num todo, com a outra metade do
montante.
Estando o cônjuge
falecido, ou separado judicialmente do segurado, aliado à ausência de qualquer
herdeiro deste último, beneficiar-se-ão aqueles que necessitassem do segurado
para sua própria subsistência, desde que provem, efetivamente, tal dependência
econômica, como condição sine qua non para receber o seguro. (Direito Civil - doutrina, Ricardo
Fiuza – p. 417 apud Maria Helena Diniz Código Civil Comentado já impresso pdf 16ª ed., São Paulo, Saraiva, 2.012,
pdf, Microsoft Word. Acesso em
13/02/2020, corrigido e aplicadas as devidas atualizações VD).
No entender de Luís Paulo Cotrim Guimarães e Samuel Mezzalira, a
indicação do beneficiário não é obrigatória. Se o estipulante não indicar
beneficiário, a lei presume que o seguro foi contratado em favor do cônjuge e
dos demais herdeiros do segurado. Cabe a analogia com o cônjuge em favor do
companheiro.
O
dispositivo manda que seja obedecida a ordem de sucessão hereditária. Assim, a
existência de descendentes exclui os ascendentes e os colaterais até o 4º grau
somente se beneficiam na falta daqueles. A referencia à ordem de vocação
hereditária atrais, embora a lei não seja expressa, a observância da proporção
a que faz jus os herdeiros beneficiários. Assim, o cônjuge, além de receber a
metade do benefício, fará jus, ainda, a uma parte equivalente ao que lhe
permitir o direito de concorrer na herança, se incidente. Do mesmo modo, casos
netos participem da herança representação, farão jus apenas à parte do herdeiro
pré-morto que representarem.
Finalmente,
se não houver indicação de beneficiários nem herdeiros, o Código permite que
terceiros que ficaram privados do necessário para a sua subsistência em razão
da morte do segurado possam reivindicar a indenização. (Luís
Paulo Cotrim Guimarães e Samuel Mezzalira apud Direito.com acesso em 13.02.2020, corrigido e
aplicadas as devidas atualizações VD).
Art. 793. É válida a instituição do
companheiro como beneficiário, se ao tempo do contrato o segurado era separado
judicialmente, ou já se encontrava separado de fato.
Como leciona Claudio
Luiz Bueno de Godoy, no Código Civil de 1916, dispunha-se, no art. 1.474, ser
vedada a instituição de beneficiário que estivesse inibido de receber, por
doação, do segurado. Era o caso, muito especialmente, da doação feita pelo
cônjuge casado a seu concubino, regra que se continha no art. 1.177 do Código
anterior e que se repete no CC 550 atual. No artigo em pauta, a rigor,
implicitamente contempla-se a mesma proibição, mas com a ressalva que em seu
texto se expressa. Na verdade, até o artigo diz mais do que precisava, pois o
atual Código foi claro ao diferenciar, nos CC 1723 e 1.727, o companheiro do
concubino. Para a nova lei, o companheiro mantém união estável, o antigo
concubinato puro, destarte envolvente de pessoas sem impedimento para se casar,
incluindo, no entanto, o separado de fato (CC 1.723, § 1º), que, certamente,
com o divórcio direto, poderá vir a se casar, de resto já com a separação de
fato rompendo-se o laço fundamental do casamento, a relação de afetividade que
é seu conteúdo material. Quer-se dizer, então, que, se se trata de companheiro,
necessariamente será pessoa solteira, divorciada, separada judicialmente ou
mesmo de fato. E o companheiro não só não está inibido de receber doação, como,
mais, pode ser instituído beneficiário do seguro de vida do segurado com quem
mantém união estável.
Já se o segurado, ao tempo da instituição,
era casado, não separado judicialmente nem de fato, para preservar tal relação,
proíbe-se a instituição como beneficiário do seguro de quem então será
considerado seu concubino (CC 1.727). Ressalva-se, contudo, a posição externada
na obra de Caio Mário da Silva Pereira, atualizada por Régis Fichtner (Instituições
de direito civil, 11.ed. Rio de Janeiro, forense, 2004, v. III, p. 465), de
que, a rigor, a verificação sobre a situação civil do segurado deve ser
contemporânea não ao contrato, mas ao instante da morte; assim, se no momento
do falecimento o beneficiário se encontrava separado de fato ou judicialmente,
terá sido como que convalidada a instituição. Se esta não é a ilação literal da
redação do dispositivo, parece razoável ao menos que, a exemplo do que consta
do CC 550 atual e como já se defendia à luz do art. 1.474 do Código anterior (v.g.,
J.M. Carvalho Santos. Código Civil brasileiro interpretado, 5.ed.
Rio de Janeiro, Freitas Bastos, 1951, v. XIX, p. 407), se restrinja ao cônjuge,
ou a seus herdeiros necessários, a legitimidade exclusiva para questionar o
seguro feito ao concubino, à simetria, veja-se, com aquela regra do CC 550.
(Claudio Luiz Bueno de Godoy, apud Código
Civil Comentado: Doutrina e Jurisprudência: Lei n. 10.406, de 10.02.2002.
Coord. Cezar Peluso – Vários autores. 4ª ed. rev. e atual., p. 822 - Barueri,
SP: Manole, 2010. Acesso 13/02/2020. Revista e atualizada nesta data por VD).
Em sua doutrina, explica
Ricardo Fiuza que, no Código Civil de 1916 não se admitia que o beneficiado
pelo seguro de vida fosse pessoa a quem o segurado não pudesse ofertar a sua
liberalidade (v.g., concubina do segurado casado), tampouco seria lícito,
segundo escólio jurisprudencial, o segurado indicar como beneficiário do seguro
o filho adulterino, ao argumento de que, presumidamente, este transferiria o
beneficia à sua mãe (arts. 1.474 e 1.177). conferir: RI’ 422/335.
Com o advento da Carta
Magna de 1988, denominada pelo saudoso Ulysses Guimarães, “Constituição
Cidadã’, é evidente que tais restrições ruíram por terra, em homenagem aos
princípios constitucionais nela albergados. Como ressabido, foi no campo do
Direito de Família que a Constituição Federal, havendo incursionado com maior
profundidade, veio de reclamar do codificar civil uma nova regulamentação,
operando-se, de fato, as novas regras, com destaque marcante, no efeito da
presente análise, para a seguinte linha inovativa: a família passou a ser
reconhecida e protegida, independentemente do casamento (CC 226, caput e
§ 32), muito embora a entidade familiar, oriunda de união estável, não alcance
a qualificação jurídica inerente àquela relação.
Realmente, a partir da
Constituição de 1988, o modo da constituição familiar não se tornou exclusivo
da união originária do casamento, sendo, igualmente, modelos de família a união
estável entre o homem e a mulher, admitida, em toda a sua inteireza, como entidade
familiar, e a comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes (CC
226, §§ 32 e 42). Por tais razões, a norma confere atualidade constitucional à
matéria ora tratada. Dessarte, reconhece-se a união estável como condição de
assegurar ao companheiro o direito ao benefício, desde que respeitados os
requisitos exigidos no caput. (Direito
Civil - doutrina, Ricardo Fiuza – p. 418 apud Maria Helena Diniz Código
Civil Comentado já impresso pdf 16ª
ed., São Paulo, Saraiva, 2.012, pdf, Microsoft Word. Acesso em 13/02/2020, corrigido e aplicadas as devidas
atualizações VD).
Na toada de Luís Paulo Cotrim Guimarães e Samuel Mezzalira, o
Código Civil de 2002 resulta do Anteprojeto preparado pela Comissão Reale em
1969. Embora tenha havido a adaptação do projeto de modo a adaptá-lo à
Constituição de 1988, muitos de seus dispositivos deixam transparecer noções
incompatíveis com o direito atual.
O
dispositivo estabelece a validade da instituição do companheiro como
beneficiário. Contemporaneamente, tal faculdade legal é redundante, uma vez que
a união estável goza de proteção estatal. Mais do que poder ser indicado como
beneficiário, ao companheiro deve-se dar tratamento análogo ao que é dado pele
ao cônjuge em matéria de seguro, inclusive a presunção de que seja beneficiário
se nenhum tiver sido indicado.
A
condição de ser o companheiro separado judicialmente ou separado de fato é
redundante, pois predomina o entendimento, baseado no próprio Código Civil, que
a união estável somente é possível uma vez que não concorra com o casamento.
Gradativamente,
no entanto, tem-se reconhecido a existência de uniões paralelas. Se o
impedimento é do desconhecimento do companheiro, tem-se a união estável
putativa, que não impede o reconhecimento da condição de companheiro.
Consequentemente, não incide a proibição do artigo. (Luís
Paulo Cotrim Guimarães e Samuel Mezzalira apud Direito.com acesso em 13.02.2020, corrigido e
aplicadas as devidas atualizações VD).
Art. 794. No seguro de vida ou de acidentes
pessoais para o caso de morte, o capital estipulado não está sujeito às dívidas
do segurado, nem se considera herança para todos os efeitos de direito.
Lecionando, Claudio Luiz Bueno de Godoy,
explicitando o conteúdo do art. 1.475 do Código Civil de 1916, que, como aponta
Clóvis Beviláqua (Código Civil comentado, 4.ed. Rio de Janeiro,
Francisco Alves, 1939, v. V, p. 237-8), havia sido já objeto de polêmica na
tramitação do projeto, acentua o atual Código que, nos seguros de pessoa em que
o sinistro seja o evento morte, real ou presumida – discutindo-se, nesse caso,
se só aquela do art. 7º ou também a ausência (pela orientação positiva, veja
João Marcos Brito Martins. O contrato de seguro. Rio de Janeiro, Forense
Universitária, 2003, p. 145) -, referindo, portanto, dentre as diversas
hipóteses de cobertura pessoal, (invalidez, educacional, por sobrevivência), o
seguro de vida e de acidentes pessoais, no caso de falecimento do segurado, o
capital estipulado não se considera herança, para todos os efeitos. Isso
porque, nessas hipóteses, ocorrido o sinistro, o capital segurado pertence a um
beneficiário que é necessariamente um terceiro. ou seja, segurado e
beneficiário, nesses casos, obviamente não podem ser uma só pessoa. E, sendo
assim, tratando-se de valor pertencente ao beneficiário, não se sujeita às
dívidas do segurado nem se considera herança, pois, se instituído, pelo
contrato, em favor de um herdeiro necessário, por exemplo, não está submetido à
colação. Não por diverso motivo a previa o art. 649, VI, do Código de Processo
Civil, ser impenhorável o seguro de vida. Apenas há a se ressalvar o
entendimento, que já se esposava antes do atual Código, de que pelos prêmios
atrasados responde o capital segurado, mesmo no seguro de via, uma vez que,
afinal, é a fonte de seu custeio ou da composição do fundo que o suporta (ver
comentário ao CC 757). (Claudio Luiz Bueno de Godoy, apud Código Civil Comentado: Doutrina e Jurisprudência: Lei n.
10.406, de 10.02.2002. Coord. Cezar Peluso – Vários autores. 4ª ed. rev. e
atual., p. 822 - Barueri, SP: Manole, 2010. Acesso 13/02/2020. Revista e
atualizada nesta data por VD).
Segundo a doutrina de
Fiuza, pela simples leitura desse dispositivo, percebe-se, claramente, que a
verba oriunda de segura não está sujeita à execução, não podendo, ipso facto,
ser dada em garantia, porque impenhorável (art. 649, IX, do CPC/1973, com
correspondência no art. 833, do CPC/2015).
Noutro prumo, porém, a
jurisprudência tem averbado que “é lícito estipular que a soma do seguro
responda pelo pagamento dos prêmios atrasados ou empréstimos feitos pelo
próprio segurado sobre a apólice” (RT, 131/725).
Além da vedação da
penhora, o capital estipulado não se comunica com a herança, para os efeitos
legais. Trata-se de previsão legítima e razoável, ou, porque não dizer,
inteiramente lógica. Ora, a inclusão do montante, estipulado no seguro, no
acervo hereditário, colocando o beneficiário, quanto a essa estipulação, em
igualde de condições com os demais herdeiros, representaria um verdadeiro
contrassenso. É que, se o segurado almeja privilegiar o beneficiário, com a
antedita estipulação, este passaria a repousar numa situação assaz
desvantajosa, à medida que concorreria com todos os herdeiros do segurado para
receber o prêmio, desvirtuando, por completo, a essência da doação.
Em verdade, ocorrendo o
sinistro, que, nesse caso, seria a morte do segurado, o prêmio deve
reverter-se, sem dúvida, em favor do beneficiário, já que, a rigor, aquele
montante jamais integrou o patrimônio do segurado para ser considerado como
parte da herança por este último deixada. (Direito
Civil - doutrina, Ricardo Fiuza – p. 418 apud Maria Helena Diniz Código
Civil Comentado já impresso pdf 16ª
ed., São Paulo, Saraiva, 2.012, pdf, Microsoft Word. Acesso em 13/02/2020, corrigido e aplicadas as devidas
atualizações VD).
No vislumbre de Luís Paulo Cotrim Guimarães e Samuel Mezzalira, a
indenização consiste em direito subjetivo do beneficiário. Não compõe o
patrimônio do segurado. Em razão disso, a indenização não fica sujeita a cobrir
eventuais dívidas do segurado. Do mesmo modo, não compõe a herança. Sobre ela
não há incidência de imposto de transmissão causa mortis, nem direitos dos
herdeiros, salvo se não houver indicação de beneficiário. (Luís Paulo Cotrim Guimarães e Samuel Mezzalira apud Direito.com acesso em
13.02.2020, corrigido e aplicadas as devidas atualizações VD).
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