Código Civil Comentado
– Art. 499, 500, 501
Das Várias Espécies de contrato –
Da Compra e Da
Venda – Disposições Gerais
VARGAS, Paulo S.
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Parte Especial Livro I Do Direito Das Obrigações –
Título VI – Das Várias
Espécies de Contrato
Capítulo I - Da Compra e Venda
Seção I – Disposições Gerais
(Arts. 481 a 504)
Art. 499. É
lícita a compra e venda entre cônjuges, com relação a bens excluídos da
comunhão.
Em sua doutrina,
o Relator Ricardo Fiuza – comentários ao art. 499, p. 267 apud Maria
Helena Diniz Código Civil Comentado,
aponta: “O dispositivo põe termo à antiga controvérsia doutrinária, originada
da omissão do CC de 1916 a respeito da possibilidade da venda entre cônjuges.
Excetuado o regime de comunhão universal de bens (Art. 1.667), pela obviedade
do acervo comum, a demonstrá-la desarrazoada e sem qualquer préstimo, a lei
considera lícita a venda, com a identidade de razões que de há muito admitiu a
sociedade comercial entre os cônjuges. A crítica formulada por Caio Mário da
Silva Pereira fundou-se na circunstância de se constituir tal venda uma
transgressão ao princípio legal da imutabilidade do regime de bens, hoje,
aliás, atenuado pelo CC-2002 (Art. 1.639, § 2º). (Direito
Civil - doutrina, Ricardo Fiuza –
comentário ao art. 499, p. 267, apud Maria Helena Diniz Código Civil
Comentado já impresso pdf 16ª ed., São Paulo, Saraiva, 2.012, pdf,
Microsoft Word. Acessado em 02/08/2022, corrigido e aplicadas
as devidas atualizações VD).
Alerta
Nelson Rosenvald, apud Código Civil Comentado, comentários ao art. 499, p. 555 que:
“A partir do instante em que se rompe com o sistema privado patriarcal no qual
a esposa era hipossuficiente e relativamente incapaz (até a edição do Estatuto
da Mulher Casada de 1962), nada impede que duas pessoas iguais em direitos e
obrigações possam manejar a sua autonomia privada e praticar o negócio jurídico
de compra e venda com relação a todos os bens excluídos da comunhão”.
Destarte, no regime da comunhão universal de bens não se
cogitará em regra da compra e venda, pois, sendo o patrimônio total comum, não
poderia o cônjuge adquirir aquilo que já lhe pertencesse em frações abstratas,
nas quais cada comunheiro já poderia agir sobre o todo. Excepcionalmente, é
possível a aquisição dos bens elencados no art. 1.668 do Código Civil. A título
ilustrativo, o marido pode comprar da esposa os bens que ela recebeu da herança
paterna com cláusula de incomunicabilidade.
No regime legal da comunhão parcial, a aquisição é possível
sobre todos os bens que não se incluam nos aquestos. Estes são os bens
adquiridos a título oneroso após o matrimônio (art. 1.658 do CC). Será livre a
aquisição onerosa por qualquer dos cônjuges dos bens excluídos do acervo comum.
Já no regime de separação de bens há absoluta liberdade de
aquisição de patrimônio pelos cônjuges, como se denota da leitura do art. 1.687
do CC.
No novel regime da participação final nos aquestos, um
cônjuge não poderá adquirir do outro, todos aqueles bens que foram obtidos pelo
esforço do casal após o matrimônio (art. 1.672 do CC). Já aqueles adquiridos
isoladamente por qualquer dos cônjuges, mesmo que a título oneroso, pertencem
ao patrimônio particular do cônjuge e podem ser objeto de alienação ao outro
cônjuge (art. 1.673 do CC).
No
lecionar de Marco Túlio de Carvalho Rocha et al, apud
Direito.com, nos comentários ao CC 499: Bens comuns somente existem no
regime da comunhão universal e no da comunhão parcial de bens. No regime da
separação de bens, cada cônjuge conserva seu patrimônio e, portanto, estão
autorizados a vender e comprar bens um do outro. No regime da participação
final nos aquestos, igualmente, cada cônjuge conserva seu próprio patrimônio
até a dissolução da sociedade conjugal, quando se faz a apuração dos valores a
serem pagos por um ao outro como compensação pelas aquisições que obteve
durante o matrimonio. Neste regime, portanto, não há bens comuns e os cônjuges
estão autorizados a vender e a comprar bens um do outro.
A estrutura patrimonial de
ambos os regimes de comunhão é a mesma: tanto na comunhão universal quanto na
comunhão parcial, os cônjuges, conservam um acervo patrimonial próprio,
incomunicável. Entre os dois acervos patrimoniais privativos de cada cônjuge há
uma interseção em que se localizam os bens comuns. O dispositivo refere-se a
esses bens. Somente eles não podem ser objeto de compra e venda entre os
cônjuges, uma vez que pertencem em igualdade de condições a ambos. (Marco Túlio
de Carvalho Rocha et al, apud Direito.com, nos comentários
ao CC 499, acessado em 02/08/2022, corrigido e aplicadas as devidas
atualizações VD).
Art. 500. Se,
na venda de um imóvel, se estipular o preço por medida de extensão, ou se
determinar a respectiva área, e esta não corresponder, em qualquer dos casos,
às dimensões dadas, o comprador terá o direito de exigir o complemento da área,
e, não sendo isso possível, o de reclamar a resolução do contrato ou abatimento
proporcional ao preço.
§ 1º Presume-se que a referência às dimensões foi simplesmente
enunciativa, quando a diferença encontrada não exceder de um vigésimo da área
total enunciada, ressalvado ao comprador o direito de provar que, em tais
circunstâncias, não teria realizado o negócio.
§ 2 º Se em vez de falta houver excesso, e o vendedor provar que
tinha motivos para ignorar a medida exata da área vendida, caberá ao comprador,
à sua escolha, completar o valor correspondente ao preço ou devolver o excesso.
§ 3º Não haverá complemento de área, nem devolução de excesso,
se o imóvel for vendido como coisa certa e discriminada, tendo sido apenas
enunciativa a referência às suas dimensões, ainda que não conste, de modo
expresso, ter sido a venda ad corpus.
Segundo
o entendimento do Relator, Direito Civil
- doutrina, Ricardo Fiuza – comentários ao art. 500, p. 267-268 apud
Maria Helena Diniz Código Civil
Comentado: O dispositivo cuida da compra
e venda de imóveis, na modalidade ad
tnensurarn, ou seja, quando o preço é fixado por medida de extensão ou se
determinada a respectiva área. Há uma relação proporcional entre o preço e a
dimensão atribuída ao imóvel. Verificada a inexatidão, compete ao comprador o
direito de reclamar o complemento da área (ação ex empto), e, não sendo isso possível, o de promover a resolução do
contrato (ação redibitória) ou requerer o abatimento proporcional ao preço
(ação quanti rninoris).
Excetuam-se os casos de referência às dimensões como
meramente enunciativas, quando a diferença encontrada não exceder de um
vigésimo da área totai enunciada, ou
quando o imóvel for vendido como coisa ceia e discriminada, mesmo não
constando, de modo expresso, ter sido a venda realizada ad corpus (~ P e 32). A primeira exceção é presunção juris tantum e não valerá se o comprador
provar que, em tais circunstâncias, não teria realizado o negócio, operando-se
a regra geral (caput do artigo). A
segunda tem o escopo da lucidez de Augusto Zenun, quando refere ser
inadmissível entender-se como venda ad
mensuram aquela em que o preço não for unitário, a compreender o seu resultado
final, a quantidade, optando-se pela venda ad
corpus quando contenha o contrato as divisas e confrontações do imóvel (ou
seja, coisa ceia e discriminada). (Augusto Zenun, Da compra e
venda e da troca, Rio de Janeiro, Ed. Forense, 2001 (p. 34-5).
Diversamente, a venda ad
corpus é aquela que para a fixação do preço considera o imóvel em sua
totalidade (corpus), um todo concebido por suas confrontações ou limites, sem o
concurso influente do significado de sua extensão.
O § 2º é inovação relevante, sob inspiração do
CC italiano, suprimindo a omissão do CC de 1916, a considerar o excesso de área
e a não-ciência do vendedor sobre a medida exata da área vendida, como
elementos fáticos autorizadores para a completude do preço ou da devolução do
excesso, a inibir, assim, o enriquecimento sem causa do adquirente. Vence, por
igual, a dissensão doutrinária, repelindo a tese de o comprador não obrigar-se
a repor o preço correspondente, diante de a declaração de quantidade constituir
garantia para o comprador (ad utilitatem
emptoris) e não para o vendedor, defendida por Washington de Barros
Monteiro. (Direito Civil - doutrina, Ricardo Fiuza – comentários
ao art. 500, p. 267-268 apud Maria Helena Diniz Código Civil Comentado já impresso pdf 16ª ed.,
São Paulo, Saraiva, 2.012, pdf, Microsoft Word. Acesso em 02/08/2022, corrigido e
aplicadas as devidas atualizações VD).
Expondo a análise de Nelson Rosenvald, apud Código Civil Comentado, comentários ao
art. 500, p. 564: O
caput do artigo se refere à alienação onerosa de bens imóveis - terrenos - pela
sua medida de extensão, com precisa determinação da área vendida. Trata-se da
venda ad mensuram (conforme a medida). Caso a medida real seja inferior àquela
noticiada pelo vendedor quando da contratação, poderá o comprador exigir a
complementação da área, a fim de obter a diferença entre o que lhe fora
prometido e o efetivamente alienado. A actio
ex empto é uma ação real que segue o rito comum.
Todavia, em certas circunstâncias a complementação não será
viabilizada, eis que a área do imóvel terminou ou o excedente é de titularidade
de outra pessoa. Nesses casos, abrem-se duas alternativas subsidiárias ao
comprador: poderá exercitar o direito potestativo à resolução contratual com a
devolução de todas as quantias pagas, além de indenização pelos danos
decorrentes do negócio, ou então pleitear o abatimento proporcional no preço,
mantendo o negócio jurídico sobre a área a menor.
Porém, se a falta de adequação entre as medidas originárias
e a medição realizada posteriormente concluir pelo excesso de área do terreno,
sendo provado que o equívoco foi proveniente de ignorância acerca do tamanho
real do terreno, surgirão duas medidas alternativas ao alvedrio do comprador:
poderá complementar o preço ou devolver o excesso. Ou seja, não se cogita de
invalidação por erro, pois o ordenamento jurídico deseja a preservação do
negócio. Cuida-se de inovação significativa, eis que no regime anterior o
vendedor nada recebia, prevalecendo o enriquecimento injustificado.
Prosseguindo, o § 3º trata da venda ad corpus (de corpo
inteiro). Aqui a metragem é dada de forma meramente enunciativa, pois o bem lhe
foi vendido como área certa e precisamente individualizada por marcos
geográficos e confrontações. Exemplificando: A vende uma fazenda a B anunciando
que se trata de uma “área de 300 alqueires, confrontando os terrenos do Sr.
Pedro da Silva e o córrego dos Macacos”. As confrontações sinalizadas demonstram
o que se quis realmente alienar. Portanto, caberá ao magistrado interpretar as
cláusulas dúbias com recurso aos métodos dos arts. 112 e 113 do Código Civil.
Voltando à venda ad mensuram, preservando-se o que já
expressava o Código Civil de 1916, o legislador entendeu que uma diferença de
medição que acuse uma área menor de no máximo um vinte/avos da área total não
será motivo para a adoção das medidas expostas no caput, presumindo-se que a
menção à metragem no corpo do contrato foi meramente enunciativa. Assim, se A
vende a B uma área de 500 hectares e a real dimensão do terreno é de 475 hectares,
o inadimplemento mínimo não justificaria a adoção de medidas judiciais
desproporcionais.
De qualquer forma, é nítido que a diferença inferior a 5%
da área total gere uma presunção de que a venda foi ad corpus. Todavia, inovando com relação ao Código Bevilaqua, a
presunção não é mais absoluta, e sim, relativa. Com efeito, poderá o comprador
provar que, se fosse devidamente informado sobre a área do terreno, não teria
realizado o negócio jurídico. Parece-nos que a solução é sábia, haja vista
acautelar a boa-fé do comprador que precisava de uma área específica para
realizar determinado investimento e possui condições de provar que mesmo uma
pequena diferença é fundamental naquela situação. O legislador, mais uma vez,
adotou a diretriz da concretude, para retratar a pessoa em suas circunstâncias,
buscando considerá-la em seu contexto e realidade específica.
O art. 500, tanto no que tange à venda ad mensuram como à ad corpus,
não se aplica às alienações em hasta pública. De acordo com a doutrina, a garantia
em arrematações e adjudicações seria restrita ao fenômeno da evicção (art. 447
do CC), pois nas vendas de terrenos com alterações de dimensões incidiria
regime semelhante ao dos vícios redibitórios, mas normatizado por disciplina
especial.
Todavia, poderíamos indagar se o art.
500 aplicar-se-ia às alienações em hasta pública. Entendemos que sim, a
despeito da larga publicidade existente ao redor da hasta pública, permitindo
ao interessado, inclusive, a feitura de um minucioso exame do bem antes da
venda, diminuindo consideravelmente a possibilidade de o vício do imóvel
permanecer oculto. Não obstante o silêncio do legislador no que tange ao art.
447 do Código Civil, aduzindo tão somente a evicção, imperiosa se faz uma
interpretação ampliativa, a fim de abarcarmos o vício redibitório. De fato,
justamente em virtude da ampla publicidade da hasta pública, existe uma
presunção de conhecimento do comprador quanto às reais dimensões do imóvel. Mas
trata-se de uma presunção relativa. Ao adquirente, no caso concreto, incumbe o
ônus probatório do desconhecimento das dimensões do terreno. É da alçada do
poder público, tendo como norte os princípios da legalidade, publicidade e
moralidade, praticar atos condizentes com a realidade, a fim de preservar a
segurança das relações jurídicas realizadas com particulares. (Nelson Rosenvald,
apud Código Civil Comentado, comentários ao art. 500, p. 556-557, Doutrina e Jurisprudência: Lei n.
10.406, de 10.02.2002. Coord. Cezar Peluso – Vários autores. 4ª ed. rev. e
atual. - Barueri, SP: Manole, 2010. Acessado em 02/08/2022,
corrigido e aplicadas as devidas atualizações VD).
O resumo de Marco
Túlio de Carvalho Rocha et al, apud Direito.com, nos
comentários ao CC 500, parece descomplicar um pouco a austeridade do
conteúdo real. Assim: “A venda de imóvel se faz em uma das duas modalidades: ad corpus ou ad mensuram, conforme a relevância que se dê à sua área.
Na venda ad
corpus o imóvel é vendido segundo suas características, confrontações ou
denominação. A referência às dimensões não descaracteriza a venda ad corpus se não tem a função de
condicionar o preço (referência meramente enunciativa – art. 500, §§ 1º e 3º).
Na venda ad
mensuram: a área do imóvel é o elemento determinante do preço. Exemplos:
venda de área determinada de terreno; contrato no qual o preço é proporcional
às dimensões do terreno vendido (ex.: R$ 100,00 por metro quadrado).
Interesse prático da diferenciação: na venda ad corpus a diferença entre as dimensões
reais do imóvel e as que o comprador presumiu que ele tivesse não lhe conferem
direito de ação, salvo se configurado erro ou lesão. Na venda ad mensuram, se a diferença for superior
a 1/20 (art. 500, § 1º), o comprador tem as seguintes alternativas: a) resolver o contrato; b) exigir o complemento da área; c) pedir o abatimento proporcional do preço (art.
500, caput).
Se, ao invés de falta,
houver excesso de área, o comprador deverá completar o preço ou devolver a parte
excedente (art. 500, § 2º). (Marco Túlio de Carvalho Rocha et al, apud
Direito.com, nos comentários ao CC 500, acessado em 02/08/2022,
corrigido e aplicadas as devidas atualizações VD).
Art. 501.
Decai do
direito de propor as ações previstas no artigo antecedente o vendedor ou o
comprador que não o fizer no prazo de um ano, a contar do registro do título.
Parágrafo único. Se houver atraso na imissão de posse no
imóvel, atribuível ao alienante, a partir dela fluirá o prazo de decadência.
No lecionar de Nelson
Rosenvald, apud Código Civil
Comentado, comentários ao art. 500, p. 557-558: Respeitando a diretriz da
operabilidade, em que se apresentam os prazos de prescrição situados nos arts.
205 e 206 do Código Civil e os prazos decadenciais espalhados por todo o corpo
do diploma, o legislador enfoca um novo prazo de decadência: um ano a contar do
registro da compra e venda. Trata-se da perda pelo comprador do direito
potestativo de exigir a complementação da área, da resolução contratual e do
abatimento do preço. O mesmo prazo de caducidade é fatal para o comprador optar
entre a complementação do preço e a devolução do excesso nas hipóteses de
aquisição ad mensuram a maior.
O parágrafo único disciplina que o
início da contagem do prazo decadencial será transferido para a data da imissão
de posse pelo comprador quando o vendedor for o responsável pela demora na
entrega da coisa àquele que adquiriu e já havia registrado a propriedade. Cuida-se
de hipótese de impedimento ao curso da decadência (art. 207 do CC), de claro
cunho eticizante, pois o proprietário só poderá conhecer as reais dimensões do
imóvel a partir do momento em que ingressar em sua posse. (Nelson Rosenvald,
apud Código Civil Comentado, comentários ao art. 500, p. 557-558, Doutrina e Jurisprudência: Lei n.
10.406, de 10.02.2002. Coord. Cezar Peluso – Vários autores. 4ª ed. rev. e
atual. - Barueri, SP: Manole, 2010. Acessado em 02/08/2022,
corrigido e aplicadas as devidas atualizações VD).
De acordo com o Relator em sua
doutrina, Ricardo
Fiuza – comentários ao art. 500, p. 267-268 apud Maria Helena Diniz Código Civil Comentado: É prazo decadencial o
estabelecido para as ações referidas no artigo antecedente. Bem assinalou o
Prof. Miguel Reale, em sua Exposição de Motivos do Anteprojeto (16.1-1975):
“Prescrição e decadência não se extremam segundo rigorosos critérios
lógico-formais, dependendo sua distinção, não raro, de motivos de conveniência
e utilidade social, reconhecidos pela política legislativa.
Para pôr cobro a uma situação deveras
desconcertante, optou a Comissão por uma fórmula que espanca quaisquer dúvidas.
Prazos de prescrição, no sistema do Projeto, passam a ser. apenas e
exclusivamente, os taxativamente discriminados na Parte Geral. Título IV, Cap.
1, sendo de decadência todos os demais, estabelecidos em cada caso, i. é, como complemento de cada artigo
que rege a matéria, tanto na Parte Geral como na Especial”. (Miguel Reale, O
Projeto do Novo Código Civil, 2. ed. rev. e atual. São Paulo, Saraiva, 1999 (p.
67).
A propósito, o presente artigo, ao estabelecer
o prazo decadencial de um ano, rompe o sistema antigo do CC de 1916, que
tratava da matéria em sede do Art. 177 (prazo prescricional das ações pessoais
em vinte anos).
O
parágrafo único constitui exceção ao prazo decadencial contado a partir do
registro do título. Tem lugar a exceção, quando, por inexecução da obrigação ou
por qualquer atraso da parte do alienante, demorar o comprador a imitir-se na
posse no imóvel, situação fática comprometedora daquele prazo apurado pelo
registro do título aquisitivo. Regra-se, desse modo, o cômputo do prazo
decadencial, a partir da imissão de posse no imóvel. (Direito Civil - doutrina, Ricardo Fiuza – comentários
ao art. 501, p. 267-268 apud Maria Helena Diniz Código Civil Comentado já impresso pdf 16ª ed.,
São Paulo, Saraiva, 2.012, pdf, Microsoft Word. Acesso em 02/08/2022, corrigido e
aplicadas as devidas atualizações VD).
Limitou-se,
como se vê, o autor Marco Túlio de Carvalho Rocha et al, apud
Direito.com, nos comentários ao CC 501, ao comentário do parágrafo
único. Se houver atraso na imissão de posse no imóvel, atribuível ao alienante,
a partir dela fluirá o prazo de decadência.
O prazo para o exercício das
ações previstas no art. 500 é de 1 ano, a contar do registro do título, salvo
se houver atraso na imissão da posse atribuível ao alienante. (Marco Túlio de
Carvalho Rocha et al, apud Direito.com, nos comentários
ao CC 501, acessado em 02/08/2022, corrigido e aplicadas as devidas
atualizações VD).