FILOSOFIA GERAL – 2º Período
- 3º BIMESTRE – VARGAS DIGITADOR
1.
BREVE
REVISÃO E CONCLUSÃO DOS ASSUNTOS ESTUDADOS ANTERIORMENTE
- A Filosofia
nasce e se desenvolve com as necessidades de formação de uma sociedade
política. A Grécia criou algo diferente de tudo que existiu anteriormente, a
estruturação de uma sociedade que tinha a esfera pública no seu centro;
- A invenção da política é a invenção da Res Pública. Entidade que trata do bem
comum, dos problemas coletivos;
- Na Ágora, tudo tinha que ser discutido. Com o
tempo, o povo passou a frequentar a praça, acabando com a Oligarquia e, na
passagem do séc. VII a. C., esse governo dá lugar para o povo, que assume o
poder soberano. Sólon e Péricles são grandes representantes dessa época;
- A vida pública e a privada se entrelaçam gerando
uma ética comunitária e essa experiência será tomada como referência para a
construção do ocidente moderno;
- A
Filosofia Grega, desde os Sofistas, é uma reflexão sobre como a Democracia se
perdeu;
- Sócrates se perguntava como tudo isso poderia ser
reconstruído; uma sociedade regida pela ética, pelas leis, que induzisse ao bem
comum; uma sociedade justa e feliz, que proporcionasse o bem estar, segurança e
plenitude ao indivíduo;
- Sócrates também viaja pelo mundo da alma, no qual
Platão se aprofundaria em sua investigação. Ele dizia que uma sociedade justa e
feliz só seria possível, quando conhecêssemos a essência da alma, a essência do
bem e a exxencia da justiça;
- Assim, Platão afirma o poder e a capacidade da
ciência de definir o mundo.
2.
PERÍODO
HELENISTA
- Século IV a. C., ascensão de Alexandre;
- Império Macedônico;
- Fim definitivo da Polis (Fim da política);
1. Fim da Esfera Pública;
2. Fim da Democracia (Estado de Direito e Soberania
Popular);
3. Tirania Absoluta.
- Consequências na Esfera Intelectual:
1. Fim das grandes especulações teóricas;
2. Fim da polis como referência;
3. Filosofia como autoajuda e consolação;
4. Estoicismo e Epicurismo.
- Acaba a política e a esfera pública e assim o combustível
da filosofia, que gerava os debates em praça pública, e assim a filosofia deixa
de construir grandes especulações teóricas. A Filosofia se volta para a ética
da arte de viver.
2.1. EPICURISMO
- O Epicurismo surge nos arredores de Atenas. Era
uma escola conhecida por seus lindos jardins, nos quais Epícuro ministrava suas
aulas, por isso ficou conhecida como “Filosofia
do Jardim”;
- O Epicurismo se baseia em cinco pontos
principais:
1. A realidade é plenamente penetrável e
compreensível pela inteligência do homem;
2. Nas diversas situações o homem pode construir
sua felicidade;
3. A felicidade significa a ausência de dores no
corpo e perturbação na alma;
4. Para atingir essa paz e felicidade, o homem só
precisa de si mesmo;
5. A felicidade não depende da nobreza, da riqueza,
dos deuses, ou das conquistas exteriores, pois o homem só é feliz quando é
autônomo e independente de condicionamentos exteriores;
- No Epicurismo a lógica e a física eram
rudimentares, mas ambas estavam subordinadas à ética da arte de viver.
2.1.1.
A LÓGICA DO EPICURISMO:
- A lógica elabora o caminho para a verdade, nela
os sentimentos são mensageiros da verdade;
- Toda sensação é objetiva, é produzida por alguma
coisa, sendo, portanto, verdadeira;
- A sensação colhe o ser essencial de modo
infalível e não confunde a alma, como pensa Platão;
- Sobre as ideias e as representações mentais,
Epícuro afirma que elas são memória daquilo que vem do exterior, isto é, a
experiência deixa na mente uma impressão das sensações passadas e essa impressão
permite conhecer as coisas;
- É esta lógica que vai fundamentar a ética
epicurista em termos opostos aos de Platão.
2.1.2.
A ÉTICA DO EPICURISMO:
- Com base na lógica apresentada, os sentimentos de
prazer e dor permitem distinguir o bem e o mal;
- O bem é tudo aquilo que proporciona prazer e o
mal é tudo aquilo que proporciona dor; não se trata porém de uma filosofia
hedonista, na medida em que a busca do prazer deve obedecer ao comando da razão
e do bom senso;
- Sobre o prazer, Epícuro dirá que este é a ausência
de dores no corpo e a falta de perturbação da alma;
- Não se trata, porém, de dissipação e torpeza,
trata-se do prazer segundo o sóbrio raciocinar, é o prazer escolhido com
sabedoria;
- Epícuro analisa três tipos de prazer:
1. Prazeres Naturais e Necessários: Como é o caso
de comer quando se tem forme e repousar quando se está cansado. Não inclui os
prazeres do amor e do desejo, pois estes causam a perturbação da alma e não são
nem naturais nem necessários;
2. Prazeres Naturais e Não Necessários: Como é o
caso de comer bem e vestir-se com apuro;
3. Prazeres Não Naturais e Não Necessários: São
prazeres vazios, baseados em opiniões falsas, dentre os quais, os desejos de
riqueza, poder e honras. Estes prazeres produzem a perturbação da alma e não
aliviam a dor do corpo.
2.1.3.
A AMIZADE, A POLITICA E A MORTE SEGUNDO O
EPICURISMO:
- Essa Filosofia enxerga o homem, não mais como
cidadão, mas como ser privado;
- A AMIZADE para Epícuro:
- “De todas
as coisas que a sabedoria busca, em vista de uma vida feliz ao maior bem é a
conquista da amizade”.
- “A amizade
anda pela terra, anunciando a todos que devemos acordar para dar alegria uns
aos outros”.
- “A riqueza,
segundo a natureza, está inteira no pão, na água e no abrigo qualquer para o
corpo, a riqueza supérflua multiplica os desejos e perturba a alma.. o maior
dos prazeres é a amizade, trata-se do laço verdadeiro entre os indivíduos, é
ver o outro como eu”.
- A POLÍTICA para Epícuro é a busca do poder, da
fama e da riqueza. Ela é enganosa miragem, tão vazia quanto as coisas que
busca. Neste sentido, a vida pública não enriquece o homem, mas o dispersa e
dissipa. A vida política não é natural, causa perturbações na alma e dores no
corpo, comprometendo a felicidade. “Retira-te
para dentro de ti mesmo, porque a coroa da serenidade é superior à coroa dos
grandes imperadores”.
- Há quatro REMÉDIOS PARA EVITAR O SOFRIMENTO:
1. Vazios são os temores com relação aos deuses e
ao além;
2. A morte não é nada, e deve ser encarada sem
pavor;
3. O prazer bem entendido pode dar felicidade a
todos;
4. O mal dura pouco e é suportável;
- A MORTE quando chega nada sentimos e enquanto não
chega não é real. Portanto é um mal para quem nutre falsas opiniões sobre ela.
2.2. Estoicismo
- Surge 25 anos depois do Epicurismo, por volta do
ano 312 a. C., seu maior filósofo e fundador da escola é Zena;
- Estoicismo antigo: entre os séculos IV e VI a.
C.;
- Estoicismo médio: Entre os séculos II e I a. C.;
- Novo Estoicismo: Época do Império Romano, na qual
assume tons religiosos e de meditação moral;
- Possui uma lógica, uma ética e uma física. Neste
sentido, afirmavam que a filosofia “é uma
árvore cujas raízes estão na lógica; o tronco na física e a ética nos frutos”;
- A lógica, como no Epicurismo, fornece os
critérios da verdade.
2.2.1.
A LÓGICA NO ESTOICISMO:
- A base do conhecimento é a sensação, aquilo que
afeta os sentidos;
- Nestes termos, a sensação é uma impressão
provocada pelos objetos, sobre os nossos órgãos sensoriais, e que se transmite
à alma, nela se imprimindo e gerando a representação;
- É preciso, porém, um consentir, um aprovar do logos que está em nossa, ou seja, o logos atua sobre nossas impressões;
- Temos, então, a representação compreensiva;
2.2.2.
A FÍSICA DO ESTOICISMO:
- A física estoica se baseia em três pontos:
1. O ser
é o que tem a capacidade de agir e sofrer, nestes termos, o ser é corpo;
2. Ser e corpo são idênticos, portanto, temos um
Materialismo Monista;
3. Deus penetra toda a realidade. Deus é
inteligência, mas também é natureza.
- Trata-se de um Deus Physis e Logos, Natureza
e Razão. Deus ora é sopro, ora é fogo,
e nisto consiste toda a matéria;
- Em suma, Deus está em tudo. Assim, não há o
dualismo metafísico de Platão.
2.2.3.
A ÉTICA DO ESTOICISMO:
- A ética estoica consiste na busca da felicidade,
que se alcança vivendo segundo a natureza. Existem três princípios para esta
vida:
1. Conservar-se a si mesmo;
2. Apropriar-se do próprio ser e de tudo que é
necessário para a sua conservação;
3. Conciliar-se consigo mesmo, saber o que você é,
possuir autocrítica. Conciliar-se com as coisas que são conforme sua essência.
- São esses princípios que nos trazem a noção do
bem segundo a ética estoica;
- Como o homem é um ser racional, o b em é o que
conserva e incrementa a razão, o mal é o que danifica a razão;
- Assim, a sabedoria e a virtude tornam o homem
livre e feliz. Sabedoria e virtude significam erradicar e eliminar todas as
paixões; torna-se sereno e indiferente aos sofrimentos impostos pelo destino;
- Trata-se da Apatia Estoica, elimina-se toda a piedade, compaixão e
misericórdia, pois estes são defeitos e vícios da alma. O sábio não se comove
em favor de quem quer que seja; não é próprio do homem forte deixar-se vencer
pela piedade e afastar-se da justa severidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário