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DIREITO ADMINISTRATIVO – PROF: EMERSON
TRABALHO DE PESQUISA APRESENTADO PELO
BACHARELANDO DO 6º PERÍODO EM 20/03/2014
VARGAS, PAULO S.
R.
TEMA:
GOVERNADORA DO RN É
CONDENADA A PAGAR MULTA POR IMPROBIDADE
Questões:
1)
Segundo
a matéria a governadora do RN infringiu alguns princípios da administração
pública. Quais e por quê?
R.
São múltiplas as causas de corrupção, no Brasil e no mundo, ao longo da
história e nos dias atuais, tornando-se consenso sua origem silenciosa,
obscura, por vezes imperceptível.
Consoante a Transparência
Internacional (199-), é necessário que os funcionários públicos e cidadãos
latinoamericanos conheçam as causas, os impactos e as dimensões da corrupção.
Segundo ela, as causas podem ser formais, culturais e materiais. As causas
formais, tidas como muito presentes nos países latinoamericanos, a exemplo do
Brasil, referem-se à falta de delimitação entre o público e o privado, à
existência de ordenamento jurídico inadequado e à inoperância prática das
instituições financeiras.
As causas culturais referem-se à cultura
política do País ou ao conjunto de atitudes, normas e crenças compartilhadas
pelos cidadãos que têm como objeto o fenômeno político da corrupção.
As
causas materiais relacionam-se às situações concretas que dão lugar a práticas
corruptas (significando 30% dos custos governamentais decorrentes dos processos
de licitação ou contratações públicas) e referem-se às brechas existentes entre a
ordem jurídica e à ordem vigente, quais sejam: necessidades reais de controle
público versus condições formais do
exercício do poder (nesse ambiente, configura-se o conflito entre o aparato
policial e o sistema de garantia jurídica); dinâmica do mercado versus intervenção pública (quando
funcionários responsáveis pela tributação exigem dinheiro para reduzir impostos
devidos); poder social efetivo (capital) versus
acesso formal à influência política (nesse caso, por exemplo, os sindicatos
patronais oferecem suborno a membros do Congresso para que aprovem leis de seu
interesse); recursos da administração pública versus dinâmica social (nessa situação, o funcionário público
recebe propina de determinada organização para orientar recursos especiais que
lhe beneficie com exclusividade) e impunidade versus responsabilidade formal dos detentores de funções públicas
(ocasionado pelo deficiente sistema de controle público).
Isto posto: “As causas materiais relacionam-se às situações concretas que dão lugar
a práticas corruptas (significando 30% dos custos governamentais decorrentes
dos processos de licitação ou contratações públicas)”, e, sabendo-se da
dificuldade da Saúde, não só no Estado do Rio Grande do Norte, mas em todo o
país, há de se entender a premência de contratar profissionais da área, erro
apontado como dolo na gestão da governadora, quando poder-se-ia olhar com
benevolência a situação em prol da comunidade carente que é a que mais
necessita desse tipo de atendimento, se fossem executados contratos de serviço
como acontece nas Secretarias, efetivos pelo período de 2 anos, com efeito de
renovação pelo mesmo período ao término deste. Este tipo de contrato é
geralmente feito sem licitação. São cargos de confiança, extensivos a cada
setor. A forma como foi executado é que tem que ser apurada. Não é caso de
multa à pessoa da Governadora, mas à Administração.
2)
Pesquise
se há exceção constitucional ao princípio do concurso público. Comente:
R. O que distingue
cargo ou emprego é a forma mais democrática e igual que permite aos cidadãos o
acesso ao exercício de cargo ou emprego público.
No Estado Brasileiro o ingresso de
qualquer cidadão no serviço público está definido no art. 37, I, II e V da
Carta Magna, a saber, o LIMPE: que dizem dos princípios da Legalidade,
Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência.
Sem mais delongas, uma das exceções à
regra está consubstanciada no art. 37, IX da Carta Federal: “A Lei estabelecerá os casos de contratação
por tempo determinado para atender a necessidade temporária de excepcional
interesse público.”
Foi sábia a
Constituição em restringir o concurso quando de fato constatado um excepcional
interesse público e tal contratação terá de ser precária (temporária) e seu
Regime de Direito Administrativo, não celetistas. Caso contrário, querer-se-á
dar solução comum a uma situação que deverá ser temporária e excepcional.
Não há que diferençar
se a contratação é feita para uma atividade-cargo permanente do estado ou não.
O que há de se perquirir em cada caso de tal contratação é se realmente a
situação é excepcional e se a não contratação implicará em solução de
continuidade aos serviços essenciais do Estado causando prejuízo a toda a
população. Se a situação é esta, há de se contratar com base no art. 37, IX da
Constituição Federal.
Todavia, para que se evitem burlas ou
fraudes ao Princípio Constitucional do Concurso Público (Cláusula Pétrea – que
aliás, acho uma bobagem, uma vez que o Direito não para, a evolução é constante
para se falar em cláusula pétrea), é de se exigir, no exame de cada caso, as
seguintes condicionantes:
a)
Como
exige a Carta Federal, necessário se faz a prévia existência de Lei Federal,
Estadual ou municipal (em sendo a situação de âmbito Federal, Estadual ou
municipal) que autorize a contratação, defina qual o limite máximo temporal do
mesmo (se mais de um ano, acredito que estará a ferir o Princípio da
Razoabilidade), pois é de lembrar-se que a situação que autoriza a contratação
é temporária, bem como definir os casos em que ocorre a situação de excepcional
interesse público (nesta definição também dever-se-á respeitar o Princípio da
Razoabilidade), não podendo ser deixada ao critério do Poder Executivo, tal
definição.
b)
Outrossim,
quando tais contratações alcançarem funções e atribuições de cargos ou empregos
permanentes do Estado, além da Lei prévia, faltará legitimidade ao Poder
Executivo, se este não demonstrar e provar ter aberto o pertinente e
indispensável Concurso Público para o preenchimento definitivo das vagas (se
não houver, que as criem por Lei) dos cargos ou empregos permanentes que a
União, os Estados e os Municípios estejam a necessitar.
Foi o que faltou, no
meu entender, quando o Estado de Sergipe contratou de forma temporária pessoal
para exercer atividade permanente nas Fundações por instituídas na área de
Saúde através das Leis Estaduais de nº 2781/90 (e sua alteração posterior que a
adequou perfeitamente ao exigido pelo inciso IX do art. 37 da Constituição da
República) combinado com os artigos 18 das Leis nº 6.346, 6;347 e 6.348, todas
do ano 2008.
Ao assim fazer, sem
real motivação devidamente explicitada e demonstrada, creio que o Executivo
deixou sua atuação ao desabrigo dos inafastáveis Princípios Constitucionais da
LIMPE.
Resta-me anexar a
ressalva à regra do Prévio Concurso Público, a do Processo Seletivo. Figura
criada pela emenda Constitucional de nº 51/2008, para a contratação e admissão
de agentes comunitários da saúde e agentes de combate a endemias. Tal emenda,
em seu artigo 1º alterou o art. 198 da Constituição Federal, acrescendo-lhe os
§§ 4º, 5º e 6º, que derrogam a exigência do concurso público em prol de um
“processo seletivo público” que, na prática, nada mais representa que uma
autorização ao Executivo de qualquer esfera, a contratar discricionariamente
“agentes de saúde e agentes de combates a endemias”.
À propósito, falamos em Saúde?
Referências:
Constituição Federal/88
G1 – globo.com-26.02.2014
http://vargasdigitador.blogspot.com.br/
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